Convivência da 5G com TV por satélite ainda não é certa. Testes continuam em março

Anatel pediu detalhes a operadoras satelitais sobre o impacto da possível liberação de mais 100 MHz da banda C para o serviço de telefonia móvel.
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Aconteceu hoje, 21, em Campinas (SP), a apresentação de resultados da segunda bateria de testes realizados pelo CPqD a pedido das operadoras móveis quanto à convivência de redes 5G em 3,5GHz com serviço de TV aberta satelital, a TVRO, na banda C. Conforme apurou o Tele.Síntese, os testes feitos em laboratório mostraram que a convivência é possível, no entanto não foram conclusivos.

O grupo de técnicos e representantes de empresas reunidos concordou em realizar mais testes em campo, saindo-se do ambiente controlado do laboratório, a partir de março.

Em outra vertente, a Anatel também começou a levantar material sobre a possibilidade de liberar espectro em banda C para a 5G. Proposta do SindiTelebrasil, apresentada em dezembro juntamente com os cálculos dos custos de harmonização sugeria a inclusão de pelo menos mais 100 MHz de espectro já no próximo leilão. Assim, o certame, que até o momento prevê a licitação de frequências entre 3,3 GHz e 3,6 GHz, chegaria aos 3,7 GHz, com a faixa entre 3,7 GHz e 3,8 GHz funcionando como guarda.

Na última semana a agência enviou cartas a empresas de satélite pedindo informações sobre o impacto resultante da aplicação de tal alternativa. Tecnicamente é possível empurrar os serviços hoje na banda C entre 3,6 e 3,8 GHz para frequências mais altas, desde que seja realizada a digitalização dos sinais.

No entanto, haveria um custo com o qual as operadoras de satélite ou seus clientes não querem arcar. Além da digitalização, haveria atualizações nos headends (receptores profissionais). A adaptação exigiria instalação de filtros e um cronograma para funcionamento de dupla eliminação, com carregamento de canais em banda mais baixa e mais alta até o desligamento definitivo na banda mais baixa. Também, poderia haver casos em que canais hoje em um satélite com banda alta ocupada tivessem de migrar para outro.

Por isso, já há operadora satelital analisando o impacto sobre business case para o Brasil, levando-se em conta a redução da banda a que teria direito. A expectativa é de que as operadoras de satélite percam pelo menos 75 MHz dos 500 MHz que vêm usando.

Há perda de valor ou encolhimento do serviço? Haveria redução da receita esperada conforme a vida útil restante dos satélites? A perda com o desligamento de transportes seria de que monta? São perguntas que as empresas vão responder, mas não até fevereiro, como pediu a Anatel.

É provável que as operadoras de satélite enviem, cada uma, um documento preliminar, aprofundem os estudos sobre o impacto em seus negócios, e o remetam em outra oportunidade. Isso porque o edital ainda não está definido, passará por consulta pública, e não há consenso no segmento, por enquanto, sobre a solução ideal.

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Rafael Bucco

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