Contra taxa de rede, Aliança leva à Anatel estimativa de desaceleração na demanda de consumo

No cenário mais otimista, o aumento da demanda seria abaixo de 10% a partir de 2031, de acordo com a estimativa.
Contra taxa de rede, Aliança leva à Anatel projeção de desaceleração na demanda
Demanda de consumo de dados é analisada em estudo encomendado pela Aliança Internet Aberta com base em variáveis dos últimos seis anos. | Foto: Frerpik

Nesta semana, a Aliança pela Internet Aberta (AIA) – organização que defende os interesses das big techs – apresentou à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) um estudo que busca demonstrar a sustentabilidade das redes de conectividade sem a criação de uma taxa de uso da rede para grandes usuários. O documento conta com projeções que indicam uma desaceleração do consumo de dados no Brasil até 2033 e, no mesmo período, um aumento do retorno de investimento das teles.

“Não há congestionamento no uso de infraestrutura digital no Brasil nos próximos anos”, consta no texto de conclusão.

A análise chegou à Anatel no âmbito da Tomada de Subsídios sobre Deveres dos Usuários.

Números

A projeção encomendada pela AIA é assinada pelos economistas José Guilherme Reis e Marcelo Guaranys. O cálculo se baseia nas variáveis que influenciaram o aumento do consumo de dados de 2017 a 2023, replicando para o período de 2024 a 2034, em três cenários:

  • Base (projetado a partir da tendência histórica):

Indicando uma média de crescimento no período de 2024 a 2034 de 10,3%, com desaceleração projetada ano a ano.

  • Conservador (menos otimista):

Média de crescimento de 9%, também com estimativa de queda de crescimento ao longo do tempo.

  • Arrojado (otimista):

Média de 11,2%, com crescimento abaixo de 10% a partir de 2031.

Em exabytes (EB), considerando todos os cenários, o consumo de dados no Brasil ficaria entre 297.01 EB e 400.74 EB até 2033.

Retorno de investimento

Para complementar a análise, também fazem parte do estudo projeções de EBIT (lucro antes de juros e impostos) para os próximos anos, na intenção de demonstrar a suficiência das teles em bancar a rede. Para isso,  parte-se da premissa de uma necessidade de aumento de 6,7% (em média) ao ano no investimento em infraestrutura de rede – que seria de 3% a 8% ao ano.

De acordo com as estimativas elaboradas, a Aliança alega que mesmo havendo a necessidade das teles continuarem investindo na infraestrutura de rede, teriam condições de suprir a demanda para isso sem a necessidade de cobrar big techs.

Veja a projeção em detalhes abaixo:

Além do estudo já apresentado à Anatel, a Aliança espera concluir nos próximos meses análises complementares, que mostrem os impactos de eventual taxa de rede sobre os consumidores e os provedores de pequeno porte.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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