Consolidação no mercado de ISPs pode esquentar com queda dos juros, diz BTG

Analistas do banco projetam que setor entrou na fase em que grandes provedores de banda larga optam por fusões, em vez de apenas comprarem concorrentes menores; união entre Vero e Americanet foi pontapé inicial
BTG estima que consolidação no mercado de ISPs pode se intensificar
Mercado de ISPs entrou na fase de consolidação entre grandes provedores, estima BTG (crédito: Freepik)

Analistas do banco BTG Pactual apontam que o processo de redução da taxa básica de juros pode ser o estímulo que faltava para acelerar a consolidação do mercado nacional de banda larga.

Em relatório sobre o setor de telecomunicações, divulgado nesta segunda-feira, 21, os especialistas indicam que a fusão entre Vero e Americanet, anunciada quase um mês antes de o Banco Central (BC) cortar a Selic em 0,5 ponto percentual, foi o pontapé inicial do ciclo de consolidação de grandes provedores de serviços de internet (ISPs).

“À medida que a taxa Selic começa a diminuir e o custo do capital subsequentemente tende a cair, a consolidação do mercado de banda larga no Brasil pode esquentar”, afirmam os analistas.

Para o BTG, fusões entre grandes provedores marcam, na prática, a segunda fase do processo de consolidação do mercado. A primeira etapa consiste em empresas maiores comprarem concorrentes menores. Por fim, ainda resta a terceira fase, na qual as aquisições também são praticadas pelas grandes operadoras.

“Nos últimos meses, assistimos ao início da segunda fase de consolidação do mercado, com os maiores ISPs optando por fusões em vez de adquirir apenas players menores. Vero e Americanet, dois grandes players do País, deram o pontapé inicial, fundindo suas operações para criar o segundo ISP no Brasil, com 1,4 milhão de assinantes”, diz trecho do relatório.

Desktop, Unifique e Vero

No mesmo documento, os analistas também sinalizaram possibilidades de fusões e aquisições para Desktop, Unifique e Vero, empresas que estão entre os maiores provedores do País em número de assinantes.

No caso da Desktop, o BTG diz que a empresa “possui uma infinidade de oportunidades de consolidação ao lado de sua atual operação”, citando Weclix (203 mil acessos), Azza (134 mil), Zaaz (122 mil), Green Telecom (116 mil) e Cabonnet (112 mil). Juntas, as empresas contam com mais de 680 mil clientes. O banco ainda acena com a possibilidade de a Desktop fundir operações com Algar (799 mil) e Ligga (362 mil).

“Embora a alavancagem da empresa não seja excessivamente alta (2,5x dívida líquida/EBITDA), pode precisar de capital adicional para suportar outra rodada de fusões e aquisições significativas”, ponderam os analistas.

Para a Unifique, o relatório menciona como potenciais alvos os provedores Osirnet (78 mil), Ampernet (78 mil), Razaoinfo (56 mil), AdylNet (55 mil), GGNet (50 mil) e OpçãoTelecom (50 mil), bem como fusões com Ligga (362 mil) e MHNet (308 mil).

Além disso, os indicadores financeiros estariam a favor da empresa para efetuar esse tipo de negócio. “A Unifique mantém robusta posição de caixa (R$ 444 milhões) e baixa alavancagem (0,8x), fornecendo um caminho claro para buscar novas fusões e aquisições”, conforme trecho do relatório.

No caso da Vero – após a fusão com a Americanet, chegou a 1,4 milhão de clientes (pouco atrás da Alloha Fibra) –, além das opções citadas acima, há a chance de ampliar o mercado no Centro-Oeste. O alvo, portanto, seria a Brasil TecPar (382 mil clientes).

“A empresa [Brasil TecPar] atua nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, com presença significativa no estado do Mato Grosso, onde a Vero ainda não estabeleceu operações, o que a permitiria expandir a sua presença nacional”, avaliam os analistas do banco.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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