Conclusão de enterramento de fios em três áreas de São Paulo fica para 2020
O projeto de enterramento de cabos em três áreas de São Paulo foi adiado. A conclusão do projeto, que perfaz 65 km de ruas, ficará para 2020. Quando a iniciativa foi lançada no primeiro ano da gestão de João Dória, ainda em 2017, a promessa era finalizar as obras até este ano de 2019.
O projeto, tocado pela distribuidora de energia Enel e as operadoras de telecomunicações, prevê custos por parte apenas das empresas da ordem de R$ 60 milhões.
Das três zonas que passariam pela renovação, no Centro o andamento é o mais acelerado. Ali, dos 2.109 postes previstos para serem retirados de 117 ruas e 52 Km de cabos enterrados, 101 postes foram tirados e 30 Km de cabos foram pra baixo do solo em 14 ruas. Os bairros abrangidos pela obra são Bela Vista, Consolação, Jardim Paulista, Santa Cecília, República, Bom Retiro e Brás. Segundo a Enel, este projeto custaria R$ 6 milhões, uma vez que a distribuidora já tinha feito o enterramento de cabos elétricos nos anos anteriores. As operadoras de telecomunicações não revelaram custo da iniciativa.
Já o enterramento na Vila Olímpia, que pegou as operadoras de surpresa quando foi anunciado por Dória, está atrasado e terminará em 2020. Ali serão 13 ruas remodeladas com a retirada de 321 postes. O custo deve alcançar R$ 21,5 milhões. Segundo a prefeitura, as obras civis foram feitas. Falta agora as operadoras baixarem os fios.
Outra área que terá enterramento, o entorno do Mercado Municipal, prevê retirada de 504 postes de 9 km de ruas. Vai custar R$ 29,4 milhões.
Prefeitura quer multar operadoras
O secretário de infraestrutura, Vitor Aly, falou ontem, 26, durante o evento Fiber Connect Latam, que os atrasos se devem a diferentes motivos. A seu ver, faltam projetistas capazes de elaborar os projetos de enterramento das redes das empresas que usavam os postes; faltam empresas que executem tal enterramento para as operadoras e saibam lidar com as exigências da prefeitura. O atraso no cronograma também foi movido a pedido de lojistas nas ruas, que solicitaram para não haver fechamentos das vias em datas comemorativas, e em função da dificuldade em reorientar temporariamente o tráfego de veículos.
Conforme o secretário, o relacionamento com as operadoras é o mais difícil. “Todos os atrasos aconteceram em função das empresas [de telecomunicações]”, disse a jornalistas.
Ele diz que as operadoras precisam desenvolver uma forma de compartilhar rede e acelerar o enterramento. “Infelizmente a lei que nos permitiria sancionar as empresas que atrasam o enterramento está suspensa por liminar”, falou Aly. Ele se refere à lei municipal 14.023, sancionada por José Serra (PSDB) em 2005, que teve a validade suspensa na Justiça a pedido da AES Eletropaulo (hoje Enel).
Sem poder multar, a prefeitura pressionou a Enel a fiscalizar e cortar a fiação não identificada nos postes. Para além das penalidades, ele diz que os técnicos estudam modelos de parcerias público-privadas para que uma empresas seja escolhida para projetar e executar as obras para todas as concessionárias. Mas tal estudo ainda é incipiente e não tem prazo para ser concluído.
Telcomp rebate
Para a Telcomp, entidade que representa as operadoras de telecomunicações e acompanha as iniciativas de enterramento, a prefeitura determinou prazos sem critério algum, em 2017, que tiveram de ser revistos.
“Quando a prefeitura lançou o projeto, deu um prazo que gostaria de ver concluído e não consultou ninguém se era viável. Naquele momento indicamos que o mais provável seria o que que está acontecendo agora [conclusão em 2020]. A gente se esmerou para absorver novos prazos, com expansão de ruas”, afirma João Moura, presidente executivo da Telcomp.
Segundo ele, não é interessante para qualquer empresa de telecomunicações fazer corpo mole. “Uma vez iniciada a obra, o maior interesse é terminar logo, porque ficar com a obra inacabada é muito improdutivo. Temos que manter uma rede aérea sabendo que será jogada fora e depois trocada pela rede subterrânea. Não há interesse nem corpo mole em postergar”, diz.