Complexidade ainda afeta gerenciamento de risco no agro
A tecnologia vem se tornando um ponto fundamental para minimizar os problemas inerentes ao gerenciamento de risco no agronegócio. Mas ainda há obstáculos a serem vencidos, como integração de sistemas e melhor entendimento das informações obtidas, para que as plataformas possam possibilitar acesso mais fácil e barato a decisões financeiras, como financiamentos e seguros.
Atualmente há um grande número de agrifintechs que se propõe a solucionar essas barreiras e darem mais segurança aos investidores. “Há inúmeras que se preocupam em diminuir as dores dos agricultores mas, em geral, elas estão focando em algum escopo desse setor o que dificulta um pouco essa evolução, com os dados necessários em perspectiva”, observou Luiz Veit, head de agronegócios do Sicredi. Hoje, a instituição é a segunda maior fornecedora de crédito no agro e que opera com mais de 100 culturas do agro.
Além do apoio financeiro, a Sicredi também atua com mais se preocupa em conectar as startups com suas soluções ao produtor para que possam ser gerados dados adequadamente a fim de auxiliar o produtor no momento da busca de recursos. ” O desafio é gerar informações que nos possibilite mitigar os riscos por meios de soluções como Big Data, Inteligência Artificial e outras ferramentas”, observou o executivo. A entidade trabalha com equipes conectadas no ecossistema de inovação do agro.
O Itaú BBA também não fica atrás em monitorar as ferramentas do agro e o que elas podem beneficiar as empresas na hora de conceder empréstimos ao produtor rural. Segundo Matheus Borella, Agrointelligence Leader do banco, a empresa criou uma diretoria específica, com mais de 500 funcionários, e conta com uma carteira de crédito robusta nessa área. Mas uma de suas armas está no Cubo, o grande ponto de conexão com o espaço das startups e inovação aberta.
E foi por meio do Cubo que o BBA formou o Cubo Agro, um hub voltado especificamente para as agtechs, ao lado de outras empresas, a Corteva Agriscience, o grupo São Martinho e a New Holland. “O agro é risco, é uma indústria a céu aberto. Quanto mais informações adequadas temos, melhor tende a ser a percepção de risco e o crédito fica mais próximo do tomador, conhecendo melhor a atividade rural a ser avaliada”, ressaltou.
Para isso, o executivo lembrou que é preciso de tecnologia. Ele concorda que as startups estão trabalhando em nichos mas quanto mais o resultado vier em um só frame com tudo que é necessário saber, mais fácil será adequar os juros ao perfil estudado. Na sua avaliação, pouca gente olha realmente a experiência do usuário, a falta de percepção de valor dos produtos e a adesão aos negócios. Mas acredita que o mercado está se profissionalizando rapidamente e essa assimetria poderá ser resolvida.
Complexidade
Luiz Tangari, co-fundador da Tarken, salientou que o agro é uma das áreas mais complexas da economia. Ele gera um número grande de dados mas dificilmente há uma similaridade entre eles já que produzir leite no Rio Grande dos Sul, por exemplo, tem desafios diferentes com o mesmo produto proveniente da Bahia. Há várias culturas, em níveis de maturidades tecnológicas desiguais e desafios próprios. Em meio a tudo isso, as startups precisam gerar soluções úteis para o agricultor.
“O agro é muito dinâmico, mais que outras áreas, e as informações precisam ser acionáveis. Hoje temos muitas telas para o agricultor mas nos preocupamos com a interface perguntando o que ele pretende fazer com isso. O produtor não tem tempo para ficar na frente de um computador e precisamos entender isso para que ele possa saber o que realmente vai gerar impacto no seu negócio”, disse.
Conectividade e soluções
Ciente de toda essa complexidade, a Vivo Empresas vai hoje muito além da oferta da comunidade e procurando levar soluções que minimizem os riscos inerentes à agropecuária. “Somos uma empresa preocupada em levar esse ecossistema de inovação para o agro, com serviço fim a fim e preocupada em gerenciar esse risco de mercado, o acesso mais fácil para o produtor”, disse Leandro Ramos, gerente senior de Produtos Telefônica Tech da Vivo Empresas.
Ele considera que o investimento em agro está diretamente ligado ao risco produtivo como, por exemplo, os problemas climáticos. A empresa oferece uma solução voltada para essa área, com monitoramento do tempo, formas adequadas de irrigação, utilizando diversas ferramentas como sensores e drones e uma inteligência para garantir que tudo funcione como previsto. Outro exemplo dado pelo executivo são os riscos relacionados à saúde vegetal e animal, que podem ser acompanhados, assim como o gerenciamento da mão de obra por meio de máquinas inteligentes.
“O momento do agro ainda é o de falar da conectividade, que nós levamos para o campo, mas estamos preocupados também em agregar soluções que digam respeito ao risco produtivo e que possa habilitar o produtos a créditos e seguros”, analisou.
O tema foi discutido hoje no primeiro dia do Agrotic 2023, promovido pela Momento Editorial em parceria com a Esalqtec.
