Compartilhamento com TIM deve se estender para a 3G, diz CEO da Vivo
O memorando de entendimento assinado entre TIM e Vivo e anunciado ontem deve ser ampliado para outras tecnologias móveis. Além do 2G e 4G, que são mencionados no comunicado enviado ao mercado, há previsão de acrescentar ainda 3G e “outras tecnologias”, conforme reiterou o CEO da Vivo, Christian Gebara (foto). Ele falou hoje, 24, a analistas financeiros durante a conferência de resultados do segundo trimestre do ano.
A acordo ainda é muito recente e carece de detalhamento – o que será feito nos próximos 90 dias. O executivo disse que no 2G cada operadora vai cobrir metade do país, liberando o sinal da concorrente para refarming no 3G ou 4G. As empresas ainda vão definir o escopo do compartilhamento nacional em 2G e dos sites de 700 MHz (4G) em cidades pequenas. A proposta ainda tem que passar por Cade e Anatel. Depois as empresas vão ampliar a iniciativa, acrescentando o compartilhamento da rede 3G.
O acordo com a rival tem um motivo: a necessidade por redes de telecomunicação no Brasil é maior do que o capital de cada companhia para atendê-la individualmente. Gebara explicou que a Vivo tem um guidance trienal (assim como a TIM), com previsão de investimentos de R$ 26,5 bilhões entre 2018 e 2020. Tal capex será mantido.
“Temos guidance e capex controlados. Não podemos fazer tudo o que desejamos sozinhos. Estamos analisando e buscando formas de fazer [infraestrutura]. Vai ser difícil construir toda a rede que acreditamos ser necessária para um país como o Brasil. Conforme tenhamos limitação de Capex, vamos olhar modelos diferentes para ter mais velocidade”, avisou.
Segundo ele, a operadora ainda não detalhou o impacto que o acordo de compartilhamento teria sobre investimentos, cobertura, atração de clientes e redução de custos operacionais. Tudo isso deve ser levantado nos próximos três meses e apresentado “no curto prazo”, falou aos analistas.
Disse ainda que o modelo será muito mais agressivo que o RAN Sharing feito com TIM e Oi em 2015. Na ocasião, as empresas cederam suas fatias no espectro de 2,5 GHz usado em 4G. A Vivo cedeu 1,3 mil sites, enquanto Oi e TIM deram 667 sites cada. Oi e TIM juntaram suas frequências porque tinham 10+10 MHz, enquanto a Vivo tinha 20+20 MHz da faixa de 2,5 GHz.
“Foi um compartilhamento triplo, um pouco mais mais complexo porque a gente tinha mais frequência e eles tiveram que unir a deles. Não acho que serve como benchmark para agora. O que vamos fazer com a TIM é mais agressivo, vamos para mais cidades e sites. Estamos falando de menos de 150 cidades que cada um teve que ceder para fazer o compartilhamento a três, então agora é diferente”, completa Gebara.
Mais receita
Também é a exigência de grande volume de capital o que impede o mercado brasileiro de ter mais concorrentes. A seu ver, a consolidação no setor é inevitável. “Mas não sei dizer qual o número ideal de operadoras que o país deve ter”, falou.
Ele voltou a defender mais racionalidade de preços entre as competidoras. Disse que para quem quiser construir FTTH, participar do próximo leilão de espectro, será preciso aumentar a receita. “Alguns concorrentes seguiram nosso movimento [de elevar preços], e esperamos que isso aconteça também no pré-pago. Temos sido muito estritos no off net e na mídia social. Não queremos dar o acesso de graça”, completou.
O executivo lembrou que a Vivo chegou no segundo trimestre a mais de 140 cidades com FTTH. Somadas cidades com tecnologia FTTC, então há cerca de 250 com redes de banda larga fixa que usam fibra. Além de ampliar a cobertura para novos territórios, a intenção é trocar aos poucos o serviço de cobre (aDSL) pelo FTTH.
Dessa forma, haverá aumento das velocidades, consequente aumento do preço e da receita por usuário. “O ARPU na banda larga fixa cresceu 14% [na comparação anual]. Estamos progredindo. E esperamos continuar conforme vendamos mais FTTH e menos aDSL ou FTTC”, destacou.