Com receita em queda, Qualcomm planeja reduzir custos para suavizar baixa do mercado de chips

Lucro e receita da companhia caíram 52% e 23%, respectivamente, no período de abril a junho; fabricante diz que recuperação depende de melhora do cenário macroeconômico e, sobretudo, de retomada do mercado chinês
Qualcomm tem baixa de 52% no lucro e de 23% na receita com fraca demanda por chips
Baixa demanda por chips impacta os resultados da Qualcomm (crédito: Reprodução)

Com o mercado de chips em baixa, a Qualcomm planeja implementar medidas de corte de custos entre este ano e o próximo, enquanto aguarda por uma melhora do ambiente macroeconômico global e, sobretudo, pela recuperação das vendas na China.

A desenvolvedora de chips reportou, na quarta-feira, 2, baixas na receita e no lucro no terceiro trimestre fiscal de 2023 (intervalo de abril a junho) e sinalizou vendas mais fracas no próximo período.

De acordo com a companhia, as remessas de processadores para aparelhos, incluindo smartphones, devem ter queda de “pelo menos um dígito percentual alto” neste ano, em razão da recuperação mais lenta do que a prevista para o mercado chinês e dos “ventos macroeconômicos contrários”.

No segmento de Internet das Coisas (IoT), a Qualcomm aponta que estoques permanecem elevados, refletindo a demanda mais fraca por aparelhos com essa tecnologia.

Em comunicado sobre os resultados financeiros do terceiro trimestre fiscal (veja os números abaixo), a companhia destacou que “continua difícil prever o momento de uma recuperação sustentada”. Dessa forma, acredita que a redução dos estoques será um fator importante para as vendas até o fim deste ano.

“À medida que nos aproximamos do ano fiscal de 2024, o crescimento de nossa receita dependerá em grande parte do ambiente macroeconômico, das unidades globais de aparelhos e da recuperação da China”, afirmou Akash Palkhiwala, diretor financeiro da Qualcomm, em conferência sobre o balanço financeiro referente ao período de abril a junho.

O executivo também salientou que a empresa implementará medidas de redução de custos adicionais na primeira metade de 2024.

“Isso será incremental às reduções que concluímos com sucesso no ano fiscal de 2023. Apesar dessas ações, vamos preservar os investimentos em nossas prioridades estratégicas e nos posicionar para emergir mais fortes à medida que a recuperação da indústria como um todo começa a se consolidar”, apontou Palkhiwala.

Resultados financeiros

No terceiro trimestre fiscal, a Qualcomm obteve lucro líquido de US$ 1,8 bilhão (R$ 8,8 bilhões), queda de 52% na comparação com o mesmo período do ano passado. A receita, por sua vez, caiu 23%, totalizando US$ 8,45 bilhões (R$ 41,24 bilhões).

A divisão QCT, responsável por chips para smartphones, aparelhos de IoT e automóveis, entre outros dispositivos, somou vendas de US$ 7,17 bilhões (R$ 35 bilhões), baixa anual de 24%, como indicado no balanço do trimestre imediatamente anterior.

Entre os segmentos, apenas o automotivo registrou resultado positivo, com as remessas aumentando 13% e chegando a US$ 434 milhões (R$ 2,11 bilhões). Em faturamento, no entanto, a vertical é a de menor importância para a Qualcomm.

As vendas para o segmento de IoT somaram US$ 1,48 bilhão (R$ 7,22 bilhões), queda de 24% ante o mesmo trimestre do ano passado. Já os chips para handsets, como smartphones, tiveram redução percentual ainda maior (25%), totalizando US$ 5,25 bilhões (R$ 25,62 bilhões).

No caso da divisão QTL, responsável por licenças de uso de propriedades intelectuais, houve decréscimo de 19% na receita, ficando em US$ 1,23 bilhão (R$ 6 bilhões).

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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