Claro se preocupa com possível entrada de chineses no setor de telecom do Brasil

José Félix, presidente da Claro Brasil, diz que entrada de chineses no capital da Oi, caso aconteça após a recuperação judicial da rival, vai desestabilizar o já “doente” mercado de telecomunicações brasileiro.

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O presidente da Claro Brasil, José Felix, se disse preocupado com a possível chegada de operadoras chinesas ao Brasil, através da aquisição da Oi. O executivo comentou o rumor durante evento com jornalistas, realizado em São Paulo, nesta quinta-feira, 14.

“Esse negócio da China é complexo, a gente não sabe como funcionam as coisas por lá, só que tem uma dinâmica diferente do mundo ocidental. Enxergo essa chegada de forma preocupada. Não sei o que vão fazer aqui”, afirmou o executivo.

Segundo ele, um dos problemas é compreender a estrutura de capital de uma operadora de telecomunicações de âmbito nacional, mas com dinheiro vindo de outro país.

“Empresas e governo lá são misturados. Então com quem que nós vamos brigar? Com a China ou com não sei o que telecom? Espero que eles não entrem porque vai chacoalhar ainda mais um mercado que já está instável, doente. Seria bem crítico”, acrescentou.

Consolidação

Para o presidente da Claro Brasil, o melhor seria encontrar outra solução para a recuperação da Oi. Poderia até haver consolidação no mercado nacional, mas sem o capital chinês.

“Do jeito que o Brasil está organizado hoje, não é sadio o modelo atual de 5, 6 operadoras. Grandes assim, como Claro, e os outros dois concorrentes, no máximo comporta três operadoras. Com quatro grandes operadoras, acontece o que está acontecendo [dificuldades financeiras de alguns concorrentes]”, diz.

José Félix ressalta que o setor tem a rentabilidade muito pressionada no país, inclusive pela alta incidência de impostos. “O retorno do capital investido nessa indústria está bem abaixo no Brasil do que deveria ser. Por causa dessa competição, porque o poder econômico do brasileiro é muito baixo. O país tem um dos menores ARPUs  (conta média) do mundo. E a receita ainda é em real, sendo que todos os insumos são importados, cobrados em dólar e com alta taxa de importação. Tem  ainda estado que, de cada 100 reais cobrados, 60 vão para o governo. Impossível ter negócios sadios em ambientes como esse”, concluiu.

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Rafael Bucco

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