Claro prepara lançamento de rede comercial 5G

Claro vai usar tecnologia DSS, desenvolvida pela Ericsson, para ligar o 5G nas frequências que já utiliza em suas redes atuais. Quem tiver celular compatível poderá navegar com velocidades até 12x mais altas que as obtidas no 4G, segundo representantes da operadora.

A Claro prepara para breve a ativação da primeira rede comercial 5G do país, antes mesmo da realização do leilão de espectro que vem sendo organizado pela Anatel.

A companhia vai usar as frequências de que já dispõe e recorrer à tecnologia Dynamic Spectrum Sharing, desenvolvida pela Ericsson. Essa tecnologia permite distribuir parte da capacidade espectral atual entre clientes 4G e 5G.

A ativação da rede deve acontecer concomitantemente ao início das vendas do novo celular Edge, da Motorola, no país. A chegada do aparelho ao Brasil foi anunciada hoje, 2, com abertura de pré-venda. A venda de fato acontece a partir de 14 de julho.

Segundo a Claro, clientes que tiverem um aparelho compatível com o 5G DSS poderão experimentar, nos locais onde a tecnologia DSS for ativada, velocidades de navegação até 12 vezes maiores que as vistas no LTE (4G) convencional. O Motorola Edge será um dos aparelhos compatíveis, equipado com plataforma Qualcomm 765.

Os testes pré-operacionais com a tecnologia DSS foram realizados em fevereiro, quando demonstraram a viabilidade do conceito de compartilhamento dinâmico.

Sem detalhes

As empresas não querem comentar os detalhes do lançamento. Claro, Ericsson, Motorola e Qualcomm dizem apenas que na próxima semana vão detalhar os planos de implantação da rede, a cobertura inicial, e início das vendas do celular.

Dizem, ainda, que a nova rede já será usada para iniciativas por elas patrocinadas de telemedicina e educação a distância, em combate à crise ocasionada pelo novo coronavírus.

“A chegada do 5G DSS permite oferecer uma primeira experiência com a quinta geração das redes móveis, utilizando tudo que temos investido e que já está disponível hoje”, afirma José Félix, presidente da Claro.

Muito espectro

Atualmente, a Claro é a operadora que dispõe das maiores fatias de frequência em praticamente todo o país, conforme dados da Anatel. Conquistou o posto com a compra da Nextel, no final de 2019.

A empresa detém menos espectro sub-1GHz do que Vivo ou TIM em apenas cinco estados: Bahia (39 MHz contra 50 MHz das rivais), Minas gerais (25 MHz, contra 64 MHz de Vivo e 45 MHz da TIM), Sergipe (25 MHz, ante 64 MHz e 50 MHz), Paraná (25 MHz vs. 50 MHz e 64 MHz) e Santa Catarina (também 25 MHz contra 50 MHz e 64 MHz).

Para frequências entre 1 GHz e 3 GHz, a Claro só tem menos frequências que as rivais no Mato Grosso do Sul (110 MHz contra 135 MHz da Vivo e 85 MHz da TIM).

Segundo Félix, com a ativação da tecnologia DSS, a empresa pretende oferecer “uma migração gradativa e transparente para o 5G, antes mesmo das novas frequências dedicadas a essa nova tecnologia terem sido outorgadas no país”.

Plano em execução

O anúncio do uso das frequências atuais para oferecer 5G não altera o interesse da Claro por mais espectro. A empresa aguarda a realização do leilão, de olho principalmente nas faixas de 3,5 GHz e de ondas milimétricas (26 GHz).

“O leilão do espectro adicional para o 5G será um próximo passo, que deverá vir no futuro, levando em consideração grandes desafios que a crise atual trouxe e o significativo investimento que dele decorre tanto para aquisição do espectro como para implantar a cobertura e a virtualização da rede”, diz Paulo Cesar Teixeira CEO da unidade de Consumo e PME da Claro.  .

O interesse da Claro tem por trás a estratégia de acelerar a oferta de serviços de alta velocidade em banda larga móvel. A companhia já está realizando aportes na arquitetura de rede para aproveitar as novas faixas. Já prepara planos para ampliação do número de antenas, está virtualizando funções de rede, descentralizando data centers para deixá-los mais próximos dos clientes (edge computing), reduzindo assim a latência dos serviços digitais.

Seus executivos preveem que ainda há uma longa jornada até que o 5G seja predominante no país. A implementação da tecnologia DSS é encarada como forma de acelerar essa jornada, uma vez que aproveita a topologia das redes atuais.

“O 5G DSS revela-se uma forma de trazer evolução gradativa e que vem sendo utilizada como alternativa pelas maiores operadoras do mundo, inclusive em economias desenvolvidas, como Estados Unidos e Europa, e onde o espectro de 3,5GHz e de ondas milimétricas já foi alocado”, acrescenta Teixeira.

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Rafael Bucco

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