Fusão entre Vero e Americanet vai gerar sinergia de até R$ 250 mi ao ano a partir de 2025

A sinergia irá variar de R$ 150 milhões a R$ 250 milhões ao ano pelo período de 10 anos, prevê o CEO Fabiano Ferreira. Segundo Lincoln Oliveira, presidente do conselho, entre os ganhos, estará o cross selling do serviço celular para toda a base de 1,9 milhão de clientes.
Fusão criará sinergia por uma década Crédito: Freepik
Resultados positivos por uma década, prevê a nova empresa Crédito-Freepik

A fusão entre a Vero e a Americanet, que passa a se tornar o maior grupo regional de telecomunicações, irá gerar sinergias entre R$ 150 milhões a R$ 250 milhões ao ano  a partir de 2025 por pelo menos uma década, disse hoje, 12, Fabiano Ferreira, CEO da Vero, que mantém a mesma posição na nova empresa.

Será uma sinergia inteligente, pois é uma fusão entre empresas iguais, mas que não têm qualquer sobreposição de rede, explicou o executivo, . ” Estimamos esses valores com as medidas de top line, cross selling e economia de escala que irão ocorrer”, afirmou ele em coletiva de imprensa. Segundo Lincoln Oliveira, CEO da Americanet, que passará a presidir o conselho de administração da nova empresa, será contratada uma consultoria para promover a integração das duas operadoras, mas essa integração só será efetivada depois da aprovação da operação pelos reguladores do mercado – o Cade (órgão antitruste) e Anatel (agência reguladora de telecom). A empresa dará entrada ao pedido de autorização junto às duas agências na próxima semana.

Recursos além da sinergia da fusão

Com a ambição de atuar em pelo menos 500 municípios brasileiros – hoje,  passa a ter presença em 420 cidades das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste – a nova empresa, que ainda não sabe com qual marca vai se posicionar no mercado, conta com várias opções para financiar a sua expansão. Além dos recursos que passam a ser gerados pela sinergia da fusão entre os dois grupos, a empresa volta a analisar a possiblidade de realizar uma IPO (oferta pública de ações), iniciativa abandonada em 2021 pela Vero. ” Já estão ocorrendo vários follow on e a janela poderá acontecer novamente”, avalia Ferreira.

Além da opção do mercado de capitais, a empresa conta com mais de R$ 700 milhões que  podem ser lançados por meio de debêntures incentivadas, já que a Vero obteve a autorização para o lançamento de R$ 1,1 bilhão e só negociou até agora R$ 375 milhões. E não descarta tão pouco o ingresso de um novo sócio investidor, para injetar mais recursos na operação. ” Temos o projeto de operação nacional”, afirmou Ferreira.

Celular

Embora a Vero não tenha uma única linha de celular, a nova empresa irá incorporar o modelo da AmericaNet, que tem 170 mil clientes de telefonia móvel, diretamente ou através de operações de MVNOs, e passará a oferecer o serviço móvel para toda a sua base de 1,9 milhão de clientes (ou unidades geradoras de receitas) e para as novas expansões. ” O cross selling com o celular é uma das contas da sinergia. Hoje, o ticket médio da AmericaNet nas cidades que contam com  o serviço celular incorporado é de R$ 162, e queremos ampliar esse serviço para toda a base”, completou Oliveira. Ele disse ainda que a empresa de redes subterrâneas criada pela AmericaNet, a Siena Brasil, também foi incorporada no negócio.

Liderança

Embora a nova empresa não conquiste o primeiro lugar no número de acessos de banda larga fixa, Fabiano Ferreira afirmou que ela nasce líder inconteste entre os ISPs, se for considerada a oferta conjugada de serviços de telecomunicações. ” Temos 1,9 milhão de unidades geradoras de serviços de telecom. Isso é uma diferença de mais de 100 mil clientes frente ao segundo colocado. Somos líder em receita líquida, e líder em Ebitda, com mais de R$ 100 milhões a frente do segundo colocado. Sem falar na rentabilidade do novo grupo, entendida como Ebitda menos Capex, que é de R$ 300 milhões, à frente de qualquer outro grupo. Somo o maior ISP do país”, resumiu.

As duas empresar somam o resultado de 48 fusões e aquisições feitas no mercado brasileiro e, segundo os dois executivos, as aquisições de outras operadoras de telecomunicações continuarão no radar para o crescimento inorgânico. Mas o uso de redes neutras para a expansão da oferta de serviços para novas regiões brasileiras também será considerada, disse Ferreira.

O negócio

A fusão foi anunciada ontem, 11, prevê a troca de ações entre os dois grupos, sendo que os sócios da Vero passarão a ficar com 56%, com cinco cadeiras no Conselho de Administração da nova companhia, e os da AmericaNet, com 44% e quatro cadeiras.

A nova companhia tem faturamento  de R$ 1,7 bilhão, Ebitda de R$ 700 milhões e cerca de 3.500 colaboradores diretos. Sua atuação passará para 450 cidades espalhadas por todo o Brasil, com presença relevante nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Os fundos de investimento Vinci Partners, acionista da Vero, e a Warburg Pincus e Invest Tech, acionistas da Americanet, compartilharão o controle da nova empresa.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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