Cenário é turbulento, mas 5G puro será ativado no Brasil até julho, diz Ericsson

Segundo o CEO da Ericsson, Rodrigo Dienstmann, há estoques de componentes para garantir todas as entregas até meados do ano, e flutuação cambial não deve impedir a disputa entre as operadoras pelo título de primeira a ativar as novas redes.
Executivo de cabelos escuros, sério, com camisa e calça escuras, sentado em cadeira azul ao lado de vaso de plantas. Ao fundo, ampla janela de vidro com vista para a cidade de São Paulo
Rodrigo Dienstmann, CEO da Ericsson para o Cone Sul da América do Sul (Crédito: Divulgação Ericsso)

O CEO da Ericsson para o Cone Sul da América Latina, Rodrigo Dienstmann (foto), disse hoje, 17, a jornalistas, que o cenário macroeconômico instável não atrasará a chegada do 5G SA, o 5G “puro”, às capitais brasileiras. A meta determinada pela Anatel é de que até 1º de julho as novas redes sejam ativadas – embora o próprio Ministério das Comunicações admita atrasos em algumas cidades.

Segundo Dienstmann, a flutuação do dólar provoca mudanças nos preços dos contratos com as operadoras, uma vez que são todos indexados ao câmbio. Em caso de valorização da moeda estrangeira, fica mais caro para as teles se equiparem a fim de colocar os projetos 5G em pé. Atualmente o preço do dólar está em baixa, se comparado à alta registrada em dezembro, quando passou de R$ 5,60. Hoje, fechou a R$ 5,04.

Mas há outro ponto que pressiona as margens da Ericsson e que repercute sobre as entregas: a escassez de componentes. Segundo Dienstmann, embora isso possa ter reflexo no preço, no curto prazo não vai afetar as entregas de redes 5G porque a empresa se precaveu e ampliou estoques.

O executivo afirmou que há equipamentos e componentes para manutenção da linha de produção pelo menos até o fim do semestre. “Nossa providência foi fazer um estoque preventivo para fugir disso. E agora estamos mudando a matriz de fornecedores, diversificando. Nossos fornecedores também, eles estão diversificando suas cadeias, abrindo fábricas em mais países. Até o final do segundo trimestre estamos com produção em dia, com nossos clientes sendo implantados. Mas todo dia tenho que ver o relatório de supply chain”, falou.

As oportunidades do 5G

Segundo Dienstmann, as operadoras móveis têm pressa em ativar as redes 5G e não desejam atrasar seus projetos. “Quem colocar a rede no ar antes tem uma vantagem competitiva”, resumiu.

Para ele, a quinta geração é diferente da 4G porque vai trazer novas fontes de receita para as teles, que vão poder explorar recursos como o fatiamento de rede (network slicing) e faturar com a oferta de serviços para redes privadas.

“As operadoras são hoje as principais fornecedoras de redes WiFi para grandes empresas. Com redes privadas elas têm plenas condições de seguir à frente na oferta de aplicações 5G mesmo em espectro não licenciado”, afirmou, lembrando que a faixa de 3,7 a 3,8 GHz é aberta e pode ser explorada para 5G industrial.

“Mesmo que a operadora não implante uma rede 5G privada em uma empresa, terá de fornecer o backhaul para o escoamento dos dados à nuvem”, exemplificou. Outra caso de uso em que a Ericsson aposta é da banda larga fixa por 5G (FWA). Segundo ele, os preços dos CPEs (os equipamentos na casa dos usuários) estão com preços em queda e logo serão competitivos em relação à fibra óptica.

Ele também rechaçou quaisquer empecilhos legais à tecnologia 5G. “Já consultamos a Anatel, e a compreensão é que o slicing de rede não fere a neutralidade de rede, pois não se trata necessariamente de tráfego de dados pela internet. Da mesma forma que o telefone ou a TV por assinatura em uma rede óptica não sofrem com alteração da velocidade da banda larga fixa, o slice permite a entrega de serviços especializados”, resumiu.

Parcerias

Para abocanhar as oportunidades ao lado das operadoras, a Ericsson vem fechando uma série de parcerias e realizando projetos pilotos. Hoje, há pelos menos 14 sendo tocados:

· Com São Martinho e Vivo Empresas – Desafios de conectividade registrados no setor como um todo promoveram a iniciativa pioneira no agronegócio brasileiro anunciada em outubro de 2021, com primeiro caso de uso real de um drone 100% conectado à tecnologia 5G. A parceria já permite acelerar a transformação digital da Fazenda e da Usina São Martinho, em Pradópolis (SP), em especial no mapeamento de falhas em linhas de plantio, controle inteligente de pragas, localização de incêndios etc. No total, foram identificados 24 desafios de conectividade e estamos apoiando os times de inovação, tecnologia e engenharia no desenvolvimento de soluções baseadas no 5G.

· Com Claro, Embratel e Facens – Inauguração do maior campus universitário conectado em março de 2021, com apoio da John Deere, Qualcomm Technologies e Motorola, que colocaram em funcionamento um pulverizador de grande porte conectado ao 5G. À medida que permite endereçar desafios importantes de conexão em diferentes ambientes, vai incentivar pesquisa e desenvolvimento (P&D) de soluções digitais para segmento automotivo, indústria 4.0, cidades inteligentes, telemedicina e educação.

· Com Centro Universitário FEI e Vivo – Criação do Centro de Soluções 5G na sede da FEI, tendo Internet das Coisas como âncora. Destaque para automação, logística e mobilidade urbana em cidades inteligentes. O projeto visa garantir que profissionais estejam capacitados para desenvolver soluções originais para desafios inéditos no futuro.

· Com Claro, Tecban e Banco24Horas – Primeiro caixa eletrônico com tecnologia 5G da América Latina, instalado em Alphaville (SP), em abril de 2021, para endereçar os desafios de assegurar menor tempo de resposta e a maior velocidade para todas as aplicações ativas.

· Com TIM – Primeiro piloto de segurança pública sobre rede 5G Standalone apresentado em Brasília, em maio de 2021, com ativação de uma rede 5G Standalone no Congresso Nacional.

· Com TIM e MediaTek – Em junho, realização do primeiro piloto do Brasil usando a tecnologia Ericsson Carrier Aggregation em arquitetura 5G Standalone. Essa tecnologia é uma das principais ferramentas para a implementação do 5G na frequência 3,5 GHz, uma vez que permite que mais usuários possam se beneficiar do serviço graças à extensão da cobertura que ela garante, além de assegurar maior velocidade nas conexões.

· Com John Deere – Superando os desafios da agricultura do futuro, Ericsson e John Deere firmaram acordo para um trabalho conjunto de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D&I) para o ecossistema de agronegócio. Para isso, os centros de Inovação de ambas as empresas, localizados em Indaiatuba e Campinas, estão conectados e serão utilizados como celeiros de inovação 5G.

· Com Vivo e Itaú – Inauguração da primeira agência bancária física conectada com 5G, no Brooklin, em São Paulo, em julho, para assegurar maior velocidade dos sistemas internos e melhor oferta de conectividade aos clientes, com aplicação de acesso fixo sem fio (FWA) conectado em 5G.

· Com Claro, Embratel e Parque Tecnológico São José dos Campos – Parceria firmada para desenvolver, validar e testar soluções que envolvam 5G, Internet das Coisas (IoT) e IoT-Mobile (IoT-M) e que atendam às necessidades do mercado corporativo, principalmente dos segmentos de Indústria 4.0, Agronegócio, Saúde, Smart City e Educação. O objetivo é identificar empresas e instituições científicas e tecnológicas associadas ou não ao Parque Tecnológico e que tenham interesse em cocriar para endereçar necessidades reais dos seus negócios e clientes. Primeiro resultado – uma aplicação de 5G em uma das operações da Autaza para gestão de infraestrutura – foi compartilhado há duas semanas com resultados expressivos.

· Com Claro, Embratel, Qualcomm e WEG – Primeira implementação 5G de Indústria 4.0 na América Latina, com primeiros resultados apresentados em agosto. Foco na criação de novas soluções de indústria 4.0 na fábrica da WEG em Jaraguá do Sul (SC), onde estão sendo testados cenários distintos com empresas de pequeno, médio e grande portes, e diferentes serviços com rede 5G totalmente otimizada no cliente.

· Com Embratel, Claro e ITA – No dia 29/10, no campus da instituição localizado em São José dos Campos (SP), a Embratel, Claro e Ericsson apresentaram três demonstrações técnicas desenvolvidas sobre uma rede 5G Standalone (5G SA) na frequência de 3,5 GHz, usando elementos de solução comercial com licença para fins científicos experimentais concedida pela Anatel à Claro, voltadas para o mercado de aviação e aeronáutica. A iniciativa busca mostrar o potencial transformador que a rede 5G traz para o setor, além da indústria, fornecendo insumos para a inovação e para o aumento de eficiência em diversas aplicações.

· Com Claro – Moradores da comunidade de Paraisópolis em SP já podem ter a experiência do 5G Standalone. Em uma iniciativa conjunta com o Instituto Pró-Saber SP, a Claro está oferecendo conectividade 5G experimental na sede da organização. Os jovens atendidos podem navegar com ultravelocidade, por meio de smartphones configurados para se conectar na rede de 5ª geração ou outros dispositivos conectados via Wi-FI, além disso, também poderão realizar cursos online nas plataformas Descomplica e Claro cursos, que serão disponibilizadas de forma gratuita no local. Para oferecer conectividade 5G Standalone para esses testes, a Ericsson entrou como parceira no projeto e instalou toda a infraestrutura da rede de alta tecnologia para garantir a cobertura da região.

· Com Enel, TIM, Qualcomm e Motorola – No dia 18/11, Enel, TIM, Ericsson, Qualcomm e Motorola, anunciaram um projeto pioneiro de aplicação do 5G Standalone na América Latina, na Vila Olímpia, zona sul da capital paulista, para suportar a operação de redes de distribuição de energia elétrica. A iniciativa faz parte das ações do projeto Urban Futurability, promovido pela Enel Distribuição São Paulo, que irá transformar a região no primeiro bairro digital e sustentável da capital paulista.

· Com USP, Claro e Embratel – No início de fevereiro deste ano, Claro, Embratel, Ericsson e Universidade de São Paulo (USP) anunciaram o acordo de colaboração para o desenvolvimento conjunto de soluções 5G para os segmentos de Smart Cities e IoT. O objetivo é formar uma rede de colaboração público-privada na qual as empresas possam oferecer capacitação tecnológica e interação entre especialistas, pesquisadores e alunos para atuarem no lançamento de Provas de Conceito (POCs) que contribuam para a melhoria da efetividade e da eficiência de ferramentas e serviços para a tecnologia 5G, assim como para Narrow Band e CAT-M.

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Rafael Bucco

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