Celular Seguro vai inutilizar aparelhos roubados em até 24h
O tempo é fundamental quando se trata de combater o crime. Com esta máxima, o Ministério da Justiça e Segurança Pública coordenou o desenvolvimento de uma ferramenta capaz de inutilizar smartphones roubados ou furtados em minutos, chamada Celular Seguro. O serviço, lançado hoje, é gratuito e foi criado com apoio da Anatel, da Conexis Brasil Digital, da Febraban e de gigantes digitais como Google, Uber e iFood.
A plataforma funciona a partir do casamento entre um aplicativo instalado no dispositivo que se deseja proteger e uma página na internet que pode ser acessível de qualquer computador ou outro celular. A página celularseguro.mj.gov.br já está no ar. O app poderá ser baixado na Google Play Store e na Apple App Store a partir de amanhã, 20.
Como usar?
Após baixar o app no celular, o usuário faz login (o mesmo do gov.br) e preenche os dados do aparelho que deseja proteger. Também pode apontar uma pessoa de confiança para acionar o sistema caso o celular tenha sido roubado e não seja possível buscar outro dispositivo para entrar no site.
Com o app instalado e rodando, o celular fica habilitado a ser alvo de alerta de roubo ou furto. Caso o usuário seja roubado, aciona o alerta pelo site ou através da pessoa de confiança. Segundo Ricardo Capelli, secretário executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o app funciona como “um botão de emergência que torna o celular em um pedaço de metal inútil para os bandidos”.
Emitido o alerta, IMEI do aparelho é bloqueado na Anatel, que informa a ABR Telecom, entidade que faz a gestão de sistemas e dados compartilhados entre as operadoras de telecomunicações. A ABR terá até 6h para enviar a notificação do IMEI a ser bloqueado, e as operadoras terão 24h a partir do recebimento para efetivar o bloqueio, que impedirá o aparelho de funcionar. A medida vai acontecer até 9 de fevereiro, como fase de testes.
Efeito dominó
“A medida pula etapas, já que a Anatel não dependerá mais de receber informações de polícias e forças de segurança para agir”, comentou Carlos Baigorri, presidente da agência, no evento de lançamento do serviço.
As operadoras Algar Telecom, Claro, Sercomtel, Telefônica Vivo, TIM, Datora Telecom, Emnify Brasil e Surf Telecom se comprometeram a desabilitar as linhas, impedindo que os bandidos coloquem o SIM Card em outros smarphones para praticar fraudes.
Do mesmo modo, bancos, reunidos na Febraban, vão bloquear em o acesso aos seus apps no celular alvo do alerta, em prazos que varia de “imediato” (Santander) a 30 minutos (BB, Caixa, Sicredi, Bradesco). E as empresas de tecnologias farão o mesmo, a fim de impedir que os criminosos consigam fazer compras ou utilizar seus serviços se passando pelo dono do celular.
Segundo Capelli, a medida vai funcionar como piloto, em fase de testes, e tende a ficar mais sofisticada no futuro. Ele diz que em 2024 o governo vai lançar campanhas de massa chamando a população a aderir ao sistema.
“Os dados indicam que 1 milhão de celulares são roubados ou furtados todo ano. E sabemos que há subnotificação pois há estados que não passam dados de roubos de celulares desde 2021”, comentou o secretário do MJSP.
O botão de alerta não vale como boletim de ocorrência, não inicia investigações para localizar o aparelho por parte da polícia. Para isso, a população deve procurar as delegacias, como sempre fez. Mas, conforme Capelli pula etapas para evitar que o problema vá além do furto e se transforme em fraudes financeiras ou econômicas.
“Depois que o celular for recuperado ou o usuário tiver um novo, deverá contactar cada empresa participante para recuperar a conta, cada uma com seu método”, ressaltou o secretário.
Operadoras
Marcos Ferrari, presidente executivo da Conexis Brasil Digital, que representa as operadoras de telecomunicações brasileiras, disse que a medida é bem vista no setor pois vai ajudar a população de mais baixa renda. “Ter um acesso mais simplificado vai aumentar a eficiência dos instrumentos que já existem. As operadoras fizeram um esforço grande para colocar toda a plataforma em operação. É um projeto que acreditamos desde o início”, falou.
Ele defendeu que o projeto evolua para outras questões de segurança sensíveis ao setor, como a prevenção ao roubo ou furto de cabos. “O Ministério das Justiça pode nos ajudar a avançar neste sentido, pois ano passado 7 milhões de pessoas ficaram sem serviço por causa do roubo de cabos”, falou.