Carteira de crédito deve ter alta de 9,7% em 2022
A estimativa para o saldo da carteira total de crédito em 2022 subiu para 9,7%, revela a última edição da Pesquisa Febraban de Economia Bancária e Expectativas. O número representa uma alta de 1,4 ponto percentual em relação ao levantamento anterior, de março, quando se esperava um incremento de 8,3% este ano.
A carteira com recursos livres deverá liderar esse movimento, com expectativa de nova expansão de dois dígitos, chegando a 11,8%, acima dos 10,8% verificados dois meses atrás. Essa elevação ocorrerá tanto para as famílias (de 10,5% para 11,8%) quanto para as empresas (de 10,5% para 12,3%), beneficiadas, segundo a Febraban, pela retomada do consumo de serviços e do impacto positivo dos programas sociais do governo.
Em relação à carteira de crédito com recursos direcionados, também se mantém a revisão para cima, de 5,3% para 7,6%. Esta foi a segunda edição em que a pesquisa solicitou as aberturas PF e PJ da carteira direcionada. Nos dois casos, houve melhora das projeções. Para a carteira PF, a expectativa avançou de expansão de 8,8% para 9,6%, enquanto para a carteira PJ a média das projeções passou de 0,2% para 2,5%.
Para 2023, a média das projeções para a expansão da carteira total ficou estável em 6,3%, com queda de 0,3 pp em relação aos 6,6% obtidos no levantamento anterior. Houve, no entanto, revisão para baixo na carteira com recursos livres (de 8,1% para 7,7%), que é parcialmente compensada pela revisão positiva da carteira direcionada (de 3,9% para 4,7%).
Inadimplência
A pesquisa também capturou a melhora na expectativa para a taxa de inadimplência da carteira livre deste ano, que recuou de 4,0% na pesquisa de março para 3,8%, ainda acima dos 3,3% verificados em fevereiro. Assim, os bancos mantêm a perspectiva de alguma deterioração ao longo de 2022, que deve retornar ao patamar pré-pandemia de 3,8% em fevereiro de 2020.
PIB
Em relação ao desempenho esperado do PIB em 2022, o levantamento revela que as melhorias nos números correntes da atividade econômica contribuíram bastante para a elevação das projeções. Agora, 41,2% projetam crescimento superior a 1,0%, enquanto praticamente metade (47,1%) dos participantes prevê que o crescimento deve ficar entre 0,5% e 1,0% no ano. Na pesquisa de março, 63,2% dos participantes esperavam crescimento inferior a 0,5% neste ano.
Selic
O cenário inflacionário praticamente dividiu as respostas. A maioria dos participantes (52,9%) avalia que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve fazer um ajuste de 0,50 ponto percentual na taxa Selic na reunião de junho, para 13,25% ao ano, quando deve encerrar o atual ciclo. Para os demais 47,1%, a Selic terminal deverá ficar em 13,5% a.a. ou acima de tal nível. Assim, a mediana das projeções prevê aumento de 0,50 pp na reunião de junho, com a taxa básica permanecendo inalterada (em 13,25% aa) ao longo deste ano.
A grande maioria (88,2%) entendeu como adequada a decisão do Copom de sinalizar cautela, sem comprometer seus próximos passos, diante do elevado nível de incerteza na atual conjuntura
Câmbio
Quanto às perspectivas para o câmbio ao longo deste ano, pouco mais da metade (52,9%) entende que o aperto monetário nos Estados Unidos e a possibilidade de alguma turbulência no cenário político doméstico (eleições) devem manter o Real em tendência de depreciação. Diante de tal cenário, as projeções indicaram leve desvalorização da moeda brasileira nos próximos meses, com o câmbio retornando para o patamar de R$ 5,15 até o fim do ano.
A Pesquisa Febraban é feita a cada 45 dias, logo após a divulgação da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O atual levantamento reuniu as percepções de 17 bancos, entre 11 e 17 de maio, sobre a última Ata e as projeções para o desempenho das carteiras de crédito para o ano corrente e o próximo.
(com assessoria)