Canais de TV por parabólica podem ser deslocados para faixas mais altas da banda C, diz estudo

Mesmo se for retirados 100 MHz da banda C do satélite, que recepciona atualmente as TVROs, ou as TVs por parabólicas, os canais poderão ser realocados para o espectro entre 3,8 GHZ a 4,2 GHz, sem prejuízo do serviço, afirmam os técnicos.

Paulatinamente, os problemas que envolvem a liberação da faixa de 3,5 GHz para a prestação do serviço de quinta geração da telefonia móvel estão sendo ultrapassados pelo grupo de estudos liderado pelo SindiTelebrasil (que reúne as operadoras de celular) que tenta viabilizar a proposta apresentada ao MCTIC e à Anatel no final do ano passado, que prevê a ampliação de mais 100 MHz do espectro a ser leiloado, de maneira a evitar os altos custos da migração dos canais de TV por parabólica (TVRO) para a banda KU, como revindicam os radiodifusores.

O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações ainda não tem uma posição sobre qual é a melhor solução, do ponto de vista tecnológico. A única certeza que tem é que o leilão deve mesmo incorporar mais 100 MHz, ou seja, seriam vendidos 400 MHz na faixa de 3,5 GHz e não os 300 MHz inicialmente sugeridos  pela Anatel. Para o MCTIC, quanto mais banda para a 5G melhor para a prestação dos novos serviços digitais. Diante dessa indefinição ainda pode ser possível que o Ministério resolva não decidir essa questão, e deixar para a agência reguladora bater o martelo.

Além dos testes de campo para a instalação de filtros para mitigar a interferência, na faixa de 3,8 GHz (já ” comendo” 100 MHz da banda C dos satélites brasileiros), o CPQD e o grupo de trabalho do sindicato, acompanhado por técnicos da Anatel, conseguiram também já resolver um novo problema que surgia a partir dessa proposta: como remanejar os canais de TVRO que estavam ocupando o espectro da banda C que vai ser realocada para a telefonia móvel e fazer com que esses canais se encaixem em menor espectro. ” Já conseguimos provar que todos os canais analógicos e digitais podem ser remanejados para as faixas de 3,8 GHz a 4,2 GHz”, afirma técnico envolvido com o tema.

Os testes feitos em laboratório, e agora iniciados no  campo,  estão medindo a capacidade dos filtros conseguirem evitar que a 5G do celular atrapalhe a transmissão da TVRO. Entre os fabricantes que participam da iniciativa estão a GrayTech e VisionTech.

A frequência

O espectro em disputa começa em 3,3 GHz e vai até 4,2 GHz. A primeira proposta da Anatel previa a venda da faixa entre 3,3 GHz a 3,6 GHz A partir de 3,652 GHz a 3,7  GHz essa frequência é conhecida como “banda C estendida”, onde estão as emissoras de TV por parabólica e serviços profissionais de radiodifusão que usam o satélite. A nova ideia é ampliar a faixa mais 100 MHz e colocar os filtros em 3,8 GHz. 

A população afetada, pela ótica das teles, seria apenas 18% da população da área urbana que tem antena parabólica que passaria a ter que usar os filtros, visto que nas áreas rurais, a 5G seria usada em muito menor proporção, já que existem outras faixas, mais baixas, para a prestação do serviço.  Já na proposta da radiodifusão, todos aqueles que têm antenas parabólicas seriam afetados, a TVRO migraria para uma nova banda (a Ku), e os filtros seriam colocados apenas para aqueles que integram o cadastro único do Bolsa Família.  Por isso, a discrepância de bilhões de reais entre uma e outra alternativa.

Ministério da Economia se incorpora ao debate

Apesar de a Anatel insistir que, qualquer solução, o mais importante é que o leilão não tenha como linha mestra a arrecadação máxima de recursos para os combalidos cofres da União, para que se acelere  a expansão da internet rápida no país, o dono do cofre resolveu validar o debate, e já se incorporou ao grupo de trabalho do MCTIC que estuda o tema.

Para as operadoras de celular – que vão pagar a conta – quanto mais os recursos forem carreados para a expansão da rede de banda larga, melhor para elas e para o país, mas sabem também que qualquer que seja a conta, o dinheiro é finito.

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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