Brisanet mira redes privativas e quer crescer com cautela no 5G FWA
Após chegar a 100 mil clientes de telefonia móvel e anunciar a estratégia para acelerar e rentabilização da rede celular no segundo semestre deste ano, a Brisanet já tem planos para ampliar o portfólio de serviços que dependem de radiofrequências. A operadora vai iniciar a operação de fatiamento de rede (network slicing) para entrar no mercado de redes privativas no ano que vem, informou o CEO, José Roberto Nogueira.
“O nosso core já suporta slicing e redes privativas, mas não estamos explorando os serviços ainda. A nossa versão é superior ao [Release 16 do] 3GPP”, afirmou o executivo. “No início do próximo ano, vamos buscar fatiamento de rede para explorar a rede privativa”, acrescentou, durante evento em São Paulo, nesta quinta-feira, 20, promovido pelo site Teletime.
Ainda neste ano, a empresa busca explorar o mercado de banda larga fixa via rede 5G, por meio da tecnologia FWA. Neste campo, a estratégia da empresa é crescer de forma controlada. Isso porque o consumo de dados do “5G fixo” é semelhante ao de uma conexão via fibra óptica e, portanto, muito superior ao da telefonia móvel, indicou Nogueira.
Segundo ele, o assinante de banda larga fixa da Brisanet consome, em média, 400 GB por mês. Ele presume que o cliente com FWA terá a mesma demanda.
“Temos que fazer um planejamento, porque os 400 GB de hoje de cada cliente serão 1 TB daqui a três anos. Tem que ter um gerenciamento muito bem feito do entrante, que pode explorar esse momento em que [a rede] está vazia, mas sabemos que vamos ter que fazer um investimento em fibra depois”, destacou.
Na prática, a prioridade da operadora nordestina é escoar o 5G FWA para o segmento B2B. A tecnologia também deve ser oferecida para clientes residenciais nas cidades em que a empresa não tem rede fixa. Atualmente, a rede 5G da Brisanet está ativa em 102 cidades. Em 30 delas, a empresa não tem cobertura de fibra óptica.
Nesse contexto, Nogueira reforçou que é preciso ter um plano para “desafogar o consumo da rede”. A operadora tem ativado o 5G na faixa de 2,3 GHz e ainda detém a frequência de 3,5 GHz para uso. No entanto, o CEO disse que, quando a carga de dados ocupar 70% da rede, a empresa não poderá “desmobilizar o móvel” a favor do FWA. Por isso, Nogueira aproveitou a sua fala para defender a destinação de mais espectro para a rede celular.
“A nossa expectativa é que venha mais espectro no futuro. Vamos preencher o espectro [2,3 GHz], em seguida o segundo espectro [3,5 GHz]. Se não tiver mais alocação de espectro no futuro, o plano B é desafogar a rede fazendo fibra. Para o mundo móvel, a quantidade de frequência que tem hoje é muito pouca considerando o volume de tráfego daqui a cinco ou dez anos”, pontuou.