“Brasil não tem outro espectro para o 6G a não ser os 6 GHz”, diz Caram

Superintendente de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel diz que dividir a faixa de 6 GHz entre telefonia móvel e WiFi garante a futura ativação do 6G no País; regulador também questiona a falta de uso da faixa em serviços de banda larga
Caram defende divisão da faixa de 6 GHz para garantir 6G no Brasil
Segundo Caram, divisão da faixa de 6 GHz garante a ativação do 6G no Brasil

Em debate acalorado durante o INOVAtic, evento promovido pelo Tele.Síntese nesta quinta-feira, 26, em Guarulhos (SP), o superintendente de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel, Vinícius Caram, voltou a defender a destinação de parte da frequência de 6 GHz para a telefonia móvel, em vez de cedê-la completamente para uso do WiFi.

O regulador sustentou a opção de compartilhamento da faixa citando condições operacionais do espectro, a viabilidade da tecnologia 6G no Brasil e o fato de os provedores, apesar da disponibilidade da frequência, não ofertarem planos que usam a banda de 6 GHz, por meio das redes WiFi 6E e 7.

“Quando a gente fala dessa frequência, a minha bandeira é 6 GHz para permitir o 6G, porque não temos espectro abaixo de 6 GHz com portadora de 200 MHz. Não tem”, disse o superintendente. “O Brasil não pode ficar sem 6G e não tenho outro espectro que não seja o de 6 GHz”, acrescentou.

Na avaliação de Caram, é possível harmonizar o uso da faixa entre as duas tecnologias. No caso das redes móveis, os 6 GHz devem ser usados onde há necessidade de adensamento, em raios de 100 metros a 200 metros. Para o WiFi, o regulador disse que nenhum provedor ativará mais do que uma portadora de 320 MHz. Caso a faixa seja dividida, um canal de 320 MHz continua preservado para serviços de uso não licenciado.

Escala de produção

Caram também criticou o pouco uso que provedores de banda larga fazem da faixa de 6 GHz atualmente. “Desconheço operadoras que tenham colocado WiFi 6E na casa do usuário. Sei de [casos de uso em] estádios, Rock in Rio”, pontuou.

O regulador reconheceu que, em função da falta de escala na produção industrial de modems e roteadores compatíveis com a faixa, os equipamentos ainda são caros.

Segundo ele, a expectativa é de que a fabricação acelere com base em um consenso construído para uso da faixa na Comissão Interamericana de Telecomunicações (Citel), cujo documento de adesão deve ser assinado nesta sexta-feira, 26.

“Penso em ter os 6 GHz para garantir o 6G e ter o WiFi 7 com uso outdoor, mas vocês [provedores] também precisam avançar mais no 6E e 7”, ressaltou.

Mercado

Defendendo a destinação integral da faixa de 6 GHz para o uso não licenciado, o CEO da Alares, Denis Ferreira, disse que a empresa deve começar a fazer testes com WiFi 7, tanto em ambientes internos quanto externos, “em breve”.

O executivo ainda apontou que o WiFi 7 vai gerar mais possibilidades de oferta e deve ter mais investimentos do que o 6E. “Por consequência, isso vai permitir uma queda de valor dos equipamentos”, projetou Ferreira.

Marcelo Siena, CEO da ISUPER Telecom, reforçou a expectativa de queda de preços de roteadores, citando que o desenvolvimento de chipsets de comunicação WiFi costuma ser mais rápido e barato do que os de Serviço Móvel Pessoal (SMP).

“Não tenho dúvida de que o WiFi 7 vai se popularizar muito mais rápido do que o 5G ou o 6G, por uma questão até de custos. O WiFi vem em tudo, desde geladeira até cafeteira. Na indústria, isso gera escala e reduz custos”, avaliou Siena.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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