BC reduz Selic em 0,5 ponto percentual e sinaliza novos cortes de juros

Após 12 meses estacionada em 13,75% ao ano, taxa básica da economia brasileira caiu para 13,25% ao ano; decisão pelo tamanho do corte teve placar apertado
BC reduz taxa Selic em 0,5 ponto percentual e leva juros básicos para 13,25% ao ano
BC reduz juros e leva Selic para 13,25% ao ano (crédito: Freepik)

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), decidiu reduzir a taxa básica de juros da economia brasileira em 0,5 ponto percentual (p.p.), levando a Selic para 13,25% ao ano. A decisão, anunciada nesta quarta-feira, 2, teve o apoio de cinco dos nove membros do colegiado (quatro votaram a favor de uma redução mais branda, de 0,25 p.p.).

Em comunicado, o comitê sinalizou que reduções na mesma magnitude devem ocorrer nas próximas reuniões, caso se confirme o cenário esperado para a economia.

A Selic foi mantida em 13,75% ao ano por 12 meses. O ciclo de aperto monetário começou em março de 2021, quando a taxa foi elevada de 2% ao ano para 2,75% ao ano. Os juros foram elevados ininterruptamente nas reuniões subsequentes do Copom, acumulando alta de 11,75 pontos percentuais até atingir o patamar em que permaneceu por um ano.

Apesar de ter reduzido os juros, o comitê reforçou o “objetivo de manter uma política monetária contracionista para a reancoragem das expectativas e a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante”.

Além disso, o colegiado afirmou que a decisão é “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025”.

O Copom também apresentou as projeções de inflação, estimando 4,9% para este ano, 3,4% para 2024 e 3% para 2025.

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, diz trecho do comunicado do Copom.

Mercado

Lucas Martins, sócio e especialista da Blue3 Investimentos, diz que o mercado esperava uma redução na Selic, mas grande parte dos agentes acreditava em uma postura mais comedida do BC neste primeiro momento.

“A decisão foi vista de forma positiva pelo mercado, que espera, inclusive, o mesmo corte na última reunião do ano, fechando 2023 com a Selic a 12%. Com isso, principalmente aqueles ativos mais sensíveis aos juros devem sofrer um impacto muito positivo nos próximos dias”, avalia o analista.

André Meirelles, diretor de Alocação e Distribuição da InvestSmart XP, destaca que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, deu um dos cinco votos a favor do corte de 0,5 p.p. – outros dois votos foram dados por membros indicados pelo governo.

De acordo com Meirelles, para as próximas reuniões, o Copom deve considerar os pontos que foram elencados em seu balanço de risco.

“Persistência da inflação global e na inflação doméstica de serviços poderiam levar o comitê a ponderar uma queda menor e desaceleração da atividade global mais acentuada, e surpresas baixistas na trajetória de inflação poderiam levar o comitê a pensar em acelerar a queda, para 0,75%”, conjectura o diretor da InvestSmart XP.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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