BC estuda a tokenização de depósitos do Real Digital

A tokenização dos depósitos em Real Digital vai possibilitar que o passivo passe para os bancos, viabilizando a sua liquidez.
BC estuda a tokenização de depósitos do Real Digital - Crédito: Febraban Tech
Fábio Araújo, coordenador do Real Digital no Banco Central – Crédito: Febraban Tech

Nos próximos anos, o Brasil, a exemplo do que deve ocorrer em outros países, passará a adotar o real digital, que será uma CBDC (Central Bank Digital Currency), as moedas digitais emitidas pelos bancos centrais de todo o mundo. Os testes do Real Digital deverão começar em 2023. O cronograma inicial previa os primeiros pilotos ainda em 2022, mas foi atrasado em função da greve dos funcionários do BC, que teve duração de quase dois meses.

O coordenador da iniciativa do real digital no Banco Central, Fabio Araújo, destacou, em painel do Febraban Tech, que CDBC ainda é um tema muito recente, mas que terá impacto positivo na vida das pessoas, com a oferta de novos serviços, de forma segura, e o acesso a ativos tokenizados, que poderão ser obtidos em um ambiente íntegro, no qual as pessoas terão familiaridade de operação.

Segundo ele, uma CDBC, do ponto de vista do Banco Central, é uma expressão digital do Real que, junto com uma infraestrutura apropriada, vai interconectar o sistema financeiro atual com os serviços financeiros que estão sendo desenvolvidos dentro da Web3, como os baseados em blockchain e nas novas tecnologias.

Impactos

Apesar dos benefícios que deve trazer à sociedade como um todo, Araújo reconhece que há uma preocupação com a desintermediação financeira que a CDBC traz, já que ela passa a ser passivo direto do Banco Central. “Assim como acontece com a nota de real, a moeda digital também será um passivo direto do BC. A diferença é que, quando alguém faz um depósito no banco, a nota de real deixa de ser um passivo do BC e passa a ser da instituição financeira que acolheu o depósito. Ela pode pegar esse dinheiro e emprestar para outra pessoa e, com isso, multiplicar a liquidez através dos mecanismos de crédito. O receio é que, por ser um passivo do BC, o banco deixe de ter essa flexibilidade”, explicou ele.

“Para se contrapor a esse cenário, o que o Banco Central tem em mente é que se possa tokenizar os depósitos bancários em uma wallet (carteira digital) custodiada pelo banco, em um passivo novamente do banco. Então você poderia usar uma CBDC, que é um passivo Banco Central, ou uma stablecoin que é um passivo do banco”, explicou.

“Com isso, o passivo não será do BC, mas do banco, que continuará com a possibilidade de multiplicação da liquidez e ainda terá acesso aos serviços que a Web3 trará, como os serviços de blockchain de finanças que estão sendo criados no ambiente de ativos digitais”, concluiu.

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Redação DMI

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