Sea Telecom vai disputar licitação para operar a Infovia 00

Construída pela RNP já com previsão de repasse à iniciativa privada, Infovia 00 é a fase inicial do Programa Norte Conectado
Eder Ruffeil Cristino | Diretor da SEA Telecom – INOVAtic 2021

A operadora regional paraense Sea Telecom pretende disputar a licitação da Infovia 00. Esta infovia está sendo construída pela RNP, vai interligar por meio de um cabo subfluvial as cidades de Santarém (PA) e Macapá (AP) e deve ficar pronta em 2022.

O modelo de exploração prevê que o repasse do ativo para um interessado explorá-lo. O interessado deverá operar o cabo de forma neutra, a fim de atender os provedores de banda larga da região. Também deve garantir o funcionamento do cabo, prestando manutenção constante.

“Pelo formato de rede que a gente desenhou, a Infovia 00 faz a interligação entre dois extremos da nossa rede: Macapá e Santarém. A infovia vai fazer proteção e expansão da capacidade da nossa rede. Temos interesse de participar desse processo junto à RNP. Acredito que tenhamos as condições técnicas e características que o edital vai necessitar. Estamos esperançosos de participar e fazer parte da infovia 00”, afirmou Eder Cristino, diretor da Sea Telecom.

Ele participou hoje, 9, do Inovatic 2021, congresso e feira realizado pela Bit Social e pela Momento Editorial. A programação do evento se estende até sexta, 11.

A Sea Telecom tem uma rede própria de fibra de 1,5 mil km de extensão e realiza swap de fibra com outras empresas em 3 mil km.

Cabos próprios no horizonte

Além de ter interesse na Infovia 00, a empresa avalia a construção de cabos subfluviais próprios. Conforme o executivo, ao utilizar os leitos dos rios da Amazônica encurta-se a distância percorrida pela rede em até 40%.

“Hoje não temos nenhum cabo lançado em leito de rio, mas começamos processo para ganhar expertise, desde licenciamento, autorizações, a parte de levantamento hidrográfico e lançamento. A gente quer caminhar, porque vemos como oportunidade para a região”, frisou.

Para Cristino, com os cabo subfluviais abre-se oportunidade para legar banda larga de qualidade a vilarejos ribeirinhos grandes, com 600 casas. “Tem cidades que cerca de 50% da população não tá no centro urbano, mas nos vilarejos”, destacou. Hoje, a operadora tem 40 mil assinantes.

Rios: alternativas viáveis

Presente ao mesmo painel, Argemiro Sousa, diretor de negócios da Padtec, concorda com a viabilidade de uso dos rios para instalação de redes de longo alcance na Amazônia.

“O Exército Brasileiro foi um grande incentivador desse programa, lá em 2015, foram grande patrocinador do Amazônica Conectada. Lançaram uma rede no Rio Negro, com cabos da Prysmian. Uma rede mais curta, mas tá lá até hoje, funcionando. Eles validaram essa ideia. É possível, sim, portanto, usar os leitos dos rios para instalar sistemas de telecomunicações”, lembrou.

O importante, ressaltou, é que o projeto leve em conta as particularidades da região. “Tem períodos úmidos, períodos de seca em que parte do cabo fica exposto. É preciso fazer estudo detalhado onde tem que enterrar. Dá trabalho, é mais complicado que uma rede aérea, mas é possível”, afirmou.

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Rafael Bucco

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