AT&T tem novo plano estratégico e diz que CEO fica no cargo até fim de 2020
A operadora norte-americana AT&T publicou nesta segunda-feira, 28, os resultados do terceiro trimestre, anunciou a venda de mais ativos, revelou um plano estratégico trienal a fim de reduzir o endividamento e aplacar os ânimos de investidores ativistas, como fundo Elliott, do bilionário Paul Singer, que comprou ações da tele em setembro e desde então pressiona por mudanças drásticas na gestão. E avisou que o CEO, Randall Stephenson, alvo de pressões, fica no cargo ao menos até o final de 2020.
Quanto aos resultados, a dona da Sky Brasil e das programadoras de TV paga HBO e Turner, registrou queda de 2,4% nas receitas totais em relação ao terceiro trimestre de 2018, que ficaram em US$ 44,6 bilhões. Por segmento, o móvel fechou estável, com faturamento de US$ 17,7 bilhões. O grupo de entretenimento, WarnerMedia, teve retração de 3,44% nas receitas, que ficaram em US$ 11,2 bilhões. E o corporativo encolheu 2,9%, para US$ 6,5 bilhões.
Na América Latina, a empresa reportou receita de US$ 1,7 bilhão, queda de 5% em função de perdas cambiais – sem isso, teria havido, diz, elevação de 5%. O segmento inclui a Vrio, subsidiária controladora da Sky Brasil e operações da Directv em países da região (exceto México). A Vrio registrou US$ 1 bilhão em receitas, queda de 8,1% em relação o terceiro trimestre de 2018. Novamente, pesou a variação cambial. No saldo de assinantes, a companhia informa que ganhou 160 mil clientes de TV paga.
O lucro da AT&T como um todo foi de US$ 3,94 bilhões. Caiu 18% na comparação com o terceiro trimestre de 2018.
Diante dos resultados de retração e alto endividamento, a operadora começou a vender ativos. Na semana passada havia anunciado negócio para se desfazer de torres. Hoje, avisou que conseguiu vender a participação detida na Central European Media Enterprises (CME), subsidiária focada em conteúdo audiovisual com operação na Europa Oriental. A venda foi para o fundo de investimentos checo PPF Group. A transação vai movimentar US$ 1,1 bilhão em dinheiro. O comprador assumirá, ainda, dívida de US$ 575 milhões.
Novo plano estratégico
A companhia desvelou ainda um novo plano estratégico trienal, com a finalidade de gerar mais valor aos acionistas. Segundo a companhia, há duas fortes tendências no mundo: aumento da demanda por conteúdo de qualidade e aumento da demanda por conectividade de qualidade. Para atender a essas tendências, a empresa diz que precisa ter redes de alta velocidade, escala, acesso a conteúdo “premium”, e um inventário de tecnologias de publicidade.
Para os executivos da companhia, os investimentos bilionários na compra da Directv há alguns anos e na WarnerMedia, colocaram a AT&T em boa posição para lidar com tais tendências. Ainda assim, é preciso crescer e reduzir o endividamento.
No plano estratégico, a companhia afirma que vai crescer entre 1% e 2% (CAGR) pelos próximos três anos. Em 2020, prevê margem EBITDA estável em função dos custos de lançamento do serviço de streaming HBO Max. O novo app de streaming vai concorrer com Netflix, Disney+ e Apple TV de forma agressiva e no vermelho durante o período.
A empresa afirma que em 2022 o EBITDA terá crescido US$ 6 bilhões, em função de investimentos, corte de custos, sinergias com a WarnerMedia, aumento da demanda móvel e melhora dos resultados da unidade mexicana.
A AT&T pretende terminar este ano de 2019 com índice de endividamento em relação ao EBITDA de 2,5x. Até 2022, promete que tal índice ficará entre 2 e 2,25x. A companhia reiterou que estuda a venda de todos os seus ativos “não estratégicos”, e avisou que espera arrecadar entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões em 2020 com desinvestimentos.
Prometeu distribuir US$ 75 bilhões aos acionistas através da recompra de ações e da distribuição de dividendos. Avisou que não haverá novas fusões ou aquisições “relevantes”.
E respondeu, por fim, diretamente ao fundo Elliott, que cobrava mudanças no comando: disse que nos próximos 18 meses haverá contratação de dois novos diretores, um focado em uso de tecnologia para reduzir custos, outro, em finanças. E avisou que começou um plano de sucessão do CEO Randall Stephenson. Ele continua no cargo, no entanto, ao menos até o final de 2020.