Aracaju faz PTT privado, para fomentar ecossistema da internet

Desde janeiro, está em operação na capital sergipana, na Emgetis, a empresa estadual de TICs, um Ponto de Troca de Tráfego. O objetivo é que o NIC.br assuma a operação.

EPR-Aracaju-painel1-2016Cansado de esperar pela chegada do Ponto de Troca de Tráfego (PTT) a ser implantado pelo NIC.br – desde 2012, já havia negociações nesse sentido –, o governo do estado de Sergipe decidiu instalar, na Emgetis, a empresa estadual de TICs, um PTT próprio, em operação desde janeiro. Ele já atende à própria Emgetis, ao Banco do Estado de Sergipe (Banese) e à empresa BK Telecom. Outros cinco provedores já solicitaram sua habilitação, que pode ser feita no site da Emgetis.

Segundo Ézio Faro, presidente da Emgetis, que participou ontem (14) do Encontro Provedores Regionais Aracaju, realizado pela Bit Social, o objetivo da iniciativa é tornar mais racional o tráfego da internet, aproximar os conteúdos de seus distribuidores e beneficiar a população. Ricardo Tavares, gerente de projetos da empresa de TICs da empresa, relata que os benefícios para o estado não são de grande impacto. “O objetivo da iniciativa é fomentar a troca de tráfego, pois, quanto mais perto o conteúdo estiver do cidadão, melhor a qualidade de acesso”, diz ele, que espera a adesão de muitos provedores regionais de acesso à internet à iniciativa. Para isso, a Emgetis se dispõe a abrigar gratuitamente CDNs de grandes provedores de conteúdo, como Google, Facebook, Akamai e Netflix, entre outros.

Colocada no ar a iniciativa, a Emgetis foi contatada pelo NIC.br, o braço executivo do Comitê Gestor da Internet (CGI). De acordo com Tavares, não é objetivo da Emgetis operar infinidamente o PTT. “Podemos transferir a gestão para o NIC.br, cedendo nossas instalações e equipamentos”, diz ele.

O PTT foi montado dentro das instalações da Emgetis, com equipamentos disponíveis e remanejados de secretarias e órgãos do governo, que não estavam mais em operação. “Não investimentos nenhum recurso novo”, disse Ézio Faro. Segundo ele, o PTT é bom para a rede do estado, pois coloca todos os provedores no mesmo ambiente, reduz o consumo de links no acesso à internet e permite troca de capacidade para atender a demandas pontuais do governo do estado no atendimento de eventos, de iniciativas no âmbito social e mesmo em casos de calamidade pública.

Durante o evento, representantes da Telebras, presente na capital sergipana por meio de acordo com a Rede Comep, a rede acadêmica metropolitana administrada pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), manifestaram também interesse em aderir à iniciativa. Ao participar do PTT, a Telebras carrega com ela os conteúdos de seus parceiros de governo, como o Serpro, que tem entre seus serviços o IR.

Rastilho de PTTs

Implantar um PTT em ponto próximo à sua área de atuação se transformou numa reivindicação importante dos provedores regionais de acesso à internet. Como o NIC.br não tem dado conta da demanda, aparentemente em função da disponibilidade de recursos, outras iniciativas como a de Aracaju estão em curso.

Jackson Almeida, conselheiro da Abrint (entidade de provedores regionais em nível nacional) e presidente da Megainfoline, provedor da Bahia, relatou, durante o Provedores Aracaju, que um consórcio de provedores da região de Feira de Santana (BA) está organizando também um PTT privado. “Acho que este é o caminho para pressionar o NIC.br”, afirmou. Segundo ele, o PTT é importante para tornar o acesso à internet mais rápido, encurtando os caminhos na rede, e levar o conteúdo para mais perto do cliente, melhorando o tempo de acesso e a qualidade.

O Encontro Provedores Regionais Aracaju foi o 21º de uma série realizada pela Bit Social, com apoio institucional da Abrint e da Momento Editorial para a discussão de políticas públicas, modelos de negócios, financiamento e tecnologias voltados para a massificação da banda larga no país. Reuniu representantes de provedores dos estados de Sergipe, Bahia e Alagoas, com o patrocínio do BNDES e da Telebras.

 

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Lia Ribeiro Dias

Seu nome, trabalho e opiniões são referências no mercado editorial especializado e, principalmente, nos segmentos de informática e telecomunicações, nos quais desenvolve, há 28 anos, a sua atuação como jornalista.

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