Após denúncias, EUA avaliam nova sanção à Ericsson por negócios no Iraque. Empresa se defende.

Ericsson se defende das acusações dos EUA sobre suas práticas no Iraque, diz que muito é resultado de trabalho de terceiros e alega que tudo já integrou acordo bilionário firmado com o Departamento de Justiça em 2019.
Crédito: Pixabay

A denúncia realizada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) levou o Departamento de Justiça dos EUA a retomar a investigação sobre os negócios da Ericsson no exterior, em especial no Iraque, e avaliar novas sanções.

No fim de semana, o ICIJ publicou uma série de reportagens que apontam para pagamento de suborno a autoridades iraquianas, compras de presentes, contratação de atravessadores, emissão de notas frias ou superfaturadas, evasão de divisas e mesmo suborno de integrantes do grupo terrorista ISIS entre 2011 e 2019 por terceiros indiretamente vinculados à companhia.

As reportagens focam a forma de trabalhar da subsidiária da Ericsson no país do Oriente Médio, e dizem que houve abusos também em outros lugares, inclusive no Brasil. Tudo com base em um relatório interno do setor de compliance, que chegou à conclusão de existência de falha da matriz ao supervisionar a filial.

Ontem, 1º de março, o Departamento de Justiça dos EUA informou à Ericsson de que o acordo selado com a empresa em 2019, que resultou no pagamento de uma multa de mais de US$ 1 bilhão, não considerou as práticas denunciadas pelo ICIJ no Iraque. Por isso, está retomando as investigações, com o fito de ampliar o acordo.

Diz, ainda, que a empresa descumpriu o acordo ao não avisar que identificou novas ilegalidades que poderiam integrar o processo.

Segundo a Ericsson, ainda é prematuro concluir que a investigação resultará em nova multa ou sanção. A empresa confirma as denuncias com base em relatório interno, mas se defende. Alega que o material já tinha sido levado em conta no acordo firmado com o Departamento de Justiça em 2019.

A empresa ressalta que as informações das práticas da subsidiária iraquiana foram alvo de extensa investigação interna. Que uma consultoria foi contratada e participou das investigações. E concluiu que, embora tenha havido inúmeras irregularidades e desobediência ao regulamento interno de conduta, não aconteceu nenhum pagamento direto feito por funcionário da Ericsson a nenhum grupo terrorista.

“O resultado da investigação interna foi a demissão de vários funcionários e a aplicação de várias ações disciplinares para remediar os problemas. Também encerramos contratos com vários terceiros, e priorizamos no Iraque o treinamento de pessoas com foco em procedimentos, conformidade e gestão de terceiros”, diz a companhia em nota.

Afirma ainda que as denúncias não são novas nem desconhecidas, uma vez que são resultado de investigação interna. E que veio a público várias vezes nos últimos anos informar sobre tais descobertas e sobre as iniciativas para revertê-las.

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Rafael Bucco

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