ANJ e o relator criticam o Google por manifesto contra PL 2630

Plataforma, que faturou liberando a circulação de notícias falsas, disse que o projeto a obrigará a financiar fake news; ação gerou protestos da Associação Nacional de Jornais e de Orlando Silva, parlamentar à frente do projeto
Página do Google com manifesto contra o PL das Fake News - divulgação
Página do Google com manifesto contra o PL das Fake News – divulgação

Uma atitude do Google causou furor entre jornalistas e o relator do PL 2630, o chamado PL das Fake News, e colocou ainda mais lenha na fogueira da discussão sobre o projeto de lei. “Saiba como o Projeto de Lei 2630 pode obrigar o Google a financiar notícias falsas” foi a frase que o gigante da internet colocou em sua página inicial há pelo menos uma semana.

A reação se deve ao fato de o Google ter gerado receita com notícias falsas que permite que sejam veiculadas em sua plataforma.

“Não entendo por que o Google e outras big techs têm no Brasil uma postura diferente da que têm Austrália, por exemplo, onde dezenas de acordos similares aos que estão sendo propostos na legislação do Brasil foram fechados no primeiro ano da nova legislação australiana”, disse ao Tele.Síntese o presidente Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech.

“Acredito que as bigtechs têm todo o interesse, em benefício do próprio negócio, de valorizar de fato o jornalismo, reconhecendo nele um valor que transcende a audiência: um jornalismo vigoroso e saudável é o melhor antídoto contra a desinformação”, falou Rech.

Segundo o presidente da ANJ, “seria muito mais saudável para as democracias e a liberdade de expressão, e para as big techs, discutir formas concretas de dar vigor ao jornalismo do que se assistir a crescentes tentativas de controle dos conteúdos das plataformas, que são inevitáveis se não houver uma reversão nas dificuldades enfrentadas pelo jornalismo em todo o mundo, em grande parte pelo estabelecimento de um duopólio mundial na publicidade digital”.

Desde este terça, 5, inúmeros jornalistas conhecidos também têm demonstrado nas redes sociais seu descontentamento em relação à plataforma. Na segunda, 4, o Google soltou mais um manifesto dizendo que o PL 2630 prejudicaria também os criadores de conteúdo do YouTube.

Chantagem

Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do PL 2630, tem se manifestado publicamente contra a atitude da empresa.

“O Google tem adotado um comportamento irresponsável e criminoso ao abusar do poder econômico para espalhar mentiras sobre o PL das Fake News. É uma empresa bilionária que só pensa no próprio lucro, não quer devolver nada à sociedade. TUBARÕES DA INTERNET!”, escreveu o deputado, em sua conta no Twitter (@orlandosilva)

“O Google usa sua força para chantagear”, disse o parlamentar ao jornal O Globo. Ele acusa plataformas de abuso de poder econômico para interferir no debate público sobre o projeto e não remunerar conteúdo jornalístico.

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José Norberto Flesch

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