Anatel vai liberar faixa de WiFi para ser compartilhada por operadoras de celular

A Anatel vai lançar consulta pública com as especificações técnicas da tecnologia LAA - Acesso Licenciado e Assistido - para que essa tecnologia seja usada pelas operadoras de celular para escoar seu tráfego de dados no espectro não-licenciado de 5G, ocupado pelo WiFi

O Conselho Diretor da Anatel aprovou em sua última reunião ordinária do ano, realizada esta semana, a utilização da tecnologia LAA – Acesso Licenciado e Assistido (Licensed Assisted Access – LAA),  na faixa de 5 GHz, destinada para ser usada por serviços que não precisam de licença, como o WiFi. Na prática, esta decisão autoriza que as operadoras de celular também ocupem esse espectro, mas, para evitar qualquer problema de interferência, a agência decidiu que lançará uma consulta pública com os requisitos técnicos que deverão ser cumpridos para a instalação dessa tecnologia.

Conforme a análise do relator do processo, conselheiro Aníbal Diniz, a agência pode promover o uso da tecnologia LAA, assegurando a convivência harmônica com a tecnologia WiFi. Conforme Diniz, ” os canais não licenciados serão utilizados pelas operadoras móveis como escape para o tráfego excedente de downlink em situações de alto tráfego. Isso pode ser realmente bom para os usuários daquela prestadora mas poderá causar problemas aos que utilizam exclusivamente as redes WiFi na localidade afetada, caso não haja de fato um controle desse tráfego”, e por isso, a Anatel decidiu que irá estabelecer, primeiramente, os requisitos técnicos para essa tecnologia. 

Entre os requisitos que serão exigidos, está o LBT (Listen Before Talk), sistema que assegura a verificação da disponibilidade de uso dos canais na faixa, sem causar conflitos com outros usos e operações. Também a Anatel deverá exigir restrição à transmissão contínua e a imposição de limites na duração máxima durante a transmissão de sinal na faixa não licenciada.

A agência entende que a liberação para uso de frequência pelas operadoras de celular será necessária para preservar a qualidade das redes frente ao exponencial incremento do tráfego, provocado pelo aumento da demanda por vídeos. Conforme Diniz, ” as redes móveis necessitam de capacidade de offloading cada vez maiores e sem capacidade de rede os usuários não conseguem ser atendidos com a qualidade esperada para acessar todas as novas funcionalidades disponíveis e aquelas que surgem a cada dia”.

E assim, foi desenvolvida a LAA, que integra o padrão da LTE (tecnologia da 4G) como alternativa para as operadoras otimizarem a eficiência de suas redes móveis, uma vez que mantêm o core da operação no espectro licenciado e fazem uso de canais na faixa não licenciada como portadoras secundárias num cenário de agregação de portadoras.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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