Anatel só reavalia 6 GHz quando o celular tiver equipamento nessa faixa
A Anatel está convicta de que tomou a decisão certa ao destinar toda a faixa do 6 GHz (1.200 MHz) para a nova tecnologia sem-fio WiFi, batizada agora por WiFi 6E. Mas isso não significa que no futuro não possa avaliar o pleito da indústria de celular (padrão IMT), que também reivindica um pedaço desse espectro. ” Nosso dever é garantir o uso mais eficiente do espectro. Vamos ver quem usa mais eficientemente essa banda? Hoje, o WiFi tem produto. O IMT não tem”, diz o presidente da Anatel, Carlos Baigorri, sobre o que é atualmente um dos maiores embates no setor.
Baigorri entende que “nada é imutável”, mas que, se é preciso acompanhar a evolução do ecossistema, a Anatel verifica, de fato, é que o IMT (International Mobile Telecommunications) não está evoluindo nessa frequência. E justifica a decisão, antes mesmo de uma posição final da União Internacional de Telecomunicações (UIT) sob a vertente do usuário e da competição.
Assinala que atualmente as duas únicas frequências destinadas ao WiFi ( as de 2,4 GHz e de 5 GHz ) estão bastante congestionadas, e o usuário, mesmo contratando uma banda larga de 1 Gbs não consegue ter essa mesma experiência no restante de sua casa. ” Ninguém quer ficar plugado no cabo, e o WiFi é mesmo o gargalo”, diz. Por isso, a agência destinou uma outra banda para esse acesso.
A outra razão para a Anatel alocar toda a faixa de 6 GHz, explica, é mesmo para estimular a competição. “Somos obcecados pela competição. E queremos a competição não só entre empresas, mas também entre plataformas”, afirmou. Além de querer estimular a disputa entre as duas tecnologias (WiFi e IMT , que reivindica 700 MHz da banda alta destinada ao concorrente), a Anatel vê com bons olhos a possibilidade de ampliar a competição entre os prestadores de serviço.
” No Brasil, existem milhares de ISPs. Alguns entraram no mercado do 5G. Muitos não entraram. Com o WiFi, o usuário indoor e talvez outdoor, poderá ter uma experiência próxima ao 5G”, completa.
Para ele, qualquer pleito da indústria do celular só poderá ser avaliado quando, de fato, existirem equipamentos, prestadores de serviço e, mesmo, recursos para a aquisição da frequência. ” Alguém tem 50 bilhões para pagar por esse espectro em um leilão? Não tem nem o equipamento… Mas, se no futuro, se conseguir comprovar que seu uso será melhor do que o atual, reavaliamos. O que não dá é para guardar espectro”, vaticinou.
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