Anatel mira a regulação do atacado com a chegada da 5G
A chegada da 5G e a miríade de novas aplicações e modelos de negócio que proporcionará ao setor de telecomunicações vai modificar também o funcionamento da Agência Nacional de Telecomunicações. A previsão foi feita hoje, 24, pelo presidente da Anatel, Leonardo Euler de Morais.
Segundo ele, a agência atualmente tem grande foco na regulação do varejo. Com a nova tecnologia, deverá se debruçar mais sobre como as operadoras atuam no atacado.
No entendimento de Euler, a teles vão migrar cada vez mais para modelos de oferta de serviços do tipo B2X e B2B2X. Ou seja, vão oferecer conectividade a outras empresas para venderem soluções. Ou venderão serviços de valor agregado aos clientes, a partir de parcerias. Também haverá os casos de desintermediação, em que aplicações vendem os serviços direto ao consumidor, mas dependem da relação direta com a operadora.
Tais modelos de negócio vão exigir adaptação da forma como o regulador atua. “O que a Anatel tem feito é melhorar sua forma de regulação do mercado de atacado. Os usuários não são mais os consumidores, mas pessoas jurídicas que precisam ter acesso à rede de forma não discriminatória”, ressaltou durante o evento Teletime Tec, realizado pelo site Teletime.
Segundo Euler, essa abordagem regulatória manterá em pauta a garantia da competição entre os entes do mercado. “A Anatel precisa pensar sempre em diferentes perspectivas de garantir rivalidade entre os players através de remédios regulatórios, e também através das redes neutras, que representam os novos modelos que podem resguardar a competição”, afirmou.
Vale lembrar que Oi, Vivo e TIM já fecharam grandes acordos para criação de suas redes abertas, que poderão ser acessadas por terceiros para a oferta de serviços – embora sigam um roteiro de expansão e investimento determinado por elas.
Além disso, há crescimento de empresas tradicionais do mercado atacadista de infraestrutura, como American Tower, Highline e Phoenix Fibra. Há ainda perspectiva para que o próximo leilão de espectro tenha participação de entrantes, que comprem espectro para oferecê-lo de forma neutra ao mercado móvel. A Highline, por exemplo, já declarou interesse em comprar frequências para explorar dessa forma, ofertando o insumo para provedores regionais.