Amos Genish será CEO da “fase 1” da V.tal

Desafio de Amos Genish é consolidar uma nova cultura da V.tal, formada a partir de ativos da Oi, garantir eficiência de investimentos e diversificar receitas.

Amos Genish será o CEO da V.tal ao longo de toda a “fase 1” da companhia, demore quanto demorar esta etapa, disse hoje, 13, ao Tele.Síntese.

Genish é sócio do BTG para a área de serviços digitais, e agora acumula os cargos de presidente do conselho a presidente executivo da operadora. Ele ajudou a articular a compra dos ativos ópticos da Oi pelos fundos do banco, integrando o planejamento há dois anos. E diz que ficará à frente da operação executiva enquanto a V.tal estiver solidificando sua cultura e o mercado precisar compreender o papel de um a empresa de rede neutra.

“A primeira fase da V.tal, vinda da Oi para se tornar uma empresa neutra, tem muitas mudanças para fazer. Criar a cultura certa, os processos de governança, disciplinar o Capex. Pela minha experiência, por estar no projeto há dois anos, foi natural ficar como CEO. Então, de novo, na fase inicial, é crítico ter a dedicação completa”, falou.

Como CEO, vai colocar a mão na massa. Mas a forma como o comando foi estruturado permitirá a ele ter um papel relevante na estratégia de longo prazo do grupo – afinal, ficará à frente também do conselho de administração.

“Está tudo bem estruturado para eu focar no estratégico. [Fico como CEO] pelo tempo que for, pode ser ano que vem, pode ser em 2024, essa fase inicial pode demorar um pouco. Mas é bom deixar claro que sou CEO, mas não temporal. Isso em algum momento vai mudar, mas não vou sair no meio do projeto e seguirei à frente do Conselho”, falou.

Finanças da V.tal

O projeto não é simples, nem pequeno. O plano de investimentos da V.tal prevê aporte de R$ 30 bilhões ao longo dos próximos anos para chegar a 2025 com 34 milhões de homes passed (HPs, casas aptas a assinar um plano de banda larga baseado em fibra).

A previsão para 2022 é que a V.tal gere cerca de R$ 5 bilhões em receita. Parte dos R$ 30 bilhões virão do fluxo de caixa “que já é positivo”, observa Genish. Também haverá captação de dívida no mercado. A V.tal acaba de concluir a emissão de debêntures no valor total de R$ 5,7 bilhões, da qual participaram sete bancos, sendo quatro locais e três internacionais, informa. Esse montante, disse, vai cobrir a necessidade de Capex de 2023.

Outra iniciativa prevista no horizonte é a abertura de capital. Genish considera a IPO um passo inevitável. “É natural que uma empresa deste tamanho faça IPO. É uma empresa grande, que precisa ser aberta em algum momento”, disse.

Magnitude

Sem papas na língua, Genish provoca seus rivais em infraestrutura. “O Brasil tem várias redes abertas. Mas rede neutra, só uma, só a V.tal, com arquitetura de neutralidade total”, diz.

Além disso, afirma, as iniciativas concorrentes da Fibrasil e I-Systems são muito mais tímidas do que o projeto da V.tal.

“Se comparar o nosso tamanho com as outras duas, é impossível alcançar. Somos de cinco a sete vezes maiores que os concorrentes. Em 2025, olha onde queremos chegar, 34 milhões de HPs. E a V.tal é a única rede fim a fim. Algumas das outras não têm backbone nacional, nenhuma tem saída internacional. Eles não têm a solução completa”, provoca.

Até o momento, são 32 provedores de internet clientes da V.tal. Outros três estão para assinar contrato. A empresa negocia ainda com um grupo varejista, uma fintech e um marketplace – todos com interesse em lançar serviços próprios de banda larga no Brasil. “A rede neutra da V.tal também interessa aos OTTs”, apontou Genish outro segmento com o qual quer fechar negócio.

Oi na carteira

Por fim, o executivo ressaltou que a V.tal tem a Oi como primeiro cliente âncora, o que gera metade das receitas com FTTH. “Temos o atacado com todas as outras operadoras, atendemos OTTs, provedores. No FTTH, a Oi representa metade do negócio, são relevantes, mas essa proporção vai cair ano a ano. Em cinco anos, será um dos nossos principais clientes, mas não o único”, diz.

A seu ver, a recuperação judicial da Oi foi bem sucedida e poderá se tornar a primeira em banda larga por fibra (posto que hoje pertence à Vivo). “Nós fizemos nossas análises da Oi e estamos muito confortáveis com o fato de que a empresa está saindo muito sólida para atingir obrigações como cliente âncora e para ser bem sucedida como líder de banda larga no Brasil”, concluiu.

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Rafael Bucco

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