Alto custo e esvaziamento das cidades: os novos desafios para conectar o Sul

Cabos e equipamentos de fibra óptica precisam ser substituídos. Prejuízo chega a R$ 1 milhão por provedor, segundo InternetSul.
Vista aérea da cidade de Muçum, destruída pelas fortes enchentes no Rio Grabnde do Sul | Foto: Maurício Tonetto/Secom
Muçum (RS), uma das cidades mais atingidas por ciclone no Sul, está entre cidades que receberam reforço de antenas para internet via satélite | Foto: Maurício Tonetto/Secom

O Ministério das Comunicações (MCom) divulgou nesta quarta-feira, 20, que apresentou à Casa Civil as ações tomadas em atendimento à população atingida pelo ciclone e alagamentos na região Sul neste mês. Entre elas está o acompanhamento, por meio da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), da restauração da infraestrutura de rede em cerca de 100 municípios.

Ainda no início de setembro, o ministério afirmou que “os provedores de internet, afetados pela queda de postes, garantiram que irão disponibilizar cabos de fibra óptica terrestres para restaurar os serviços de comunicação, principalmente, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, onde estão os municípios mais impactados”.

No mesmo dia, a associação de provedores InternetSul destacou a mobilização para prestar assistência à região, mas também compartilhou relato com detalhes das dificuldades.

“Há municípios que perderam redes inteiras, onde todos os postes estão no chão. O link de dados da nossa empresa, por exemplo, chegava por três rotas distintas, e todas foram interrompidas. Estamos lançando a quarta rota, que será feita pelo chão. Perdemos equipamentos em uso, em estoque, e o pavilhão inundou”, disse Raquel Camera Schwambach, da Brasrede, provedora de Arroio do Meio, em nota da Internet Sul, no início deste mês.

De lá pra cá, a InternetSul afirma que os prestadores restabeleceram o serviço onde deu (saiba mais abaixo). “Tiveram vários provedores de outras regiões que se solidarizaram e enviaram equipes para ajudar a reconstruir as redes que eram possíveis”, diz o presidente da entidade, Alexandro Schuck, ao Tele.Síntese.

Além da ação dos provedores, o governo remanejou antenas para viabilizar acesso à internet em equipamentos públicos que necessitavam da conexão para serviços emergenciais, como a sede da prefeitura de Muçum, que é uma das cidades mais afetadas, e a base da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS), onde esteve localizado um comitê local das operações de resgate.

Ao todo, o MCom, por meio da Telebras, remanejou 14 antenas para fornecer internet via satélite na região Sul. Nesta tarde, o comunicado da pasta prevê que o acompanhamento da Anatel aos municípios se estenderá pelas próximas semanas.

Desafios da restauração

O presidente da InternetSul, Alexandro Schuck, descreve o cenário como desolador. Parte da infraestrutura do serviço está nas casas – algumas delas danificadas, em reformas ou vazias.

“É crucial destacar que o maior desafio que a região enfrenta é a limpeza e reconstrução das casas, pois sem essa recuperação, os provedores de serviços de telecomunicações não terão mais clientes. A enchente foi devastadora, e cada provedor ativo na região enfrentou prejuízos que podem chegar a mais de R$ 1 milhão, considerando os equipamentos que estavam nas residências dos clientes e a rede de atendimento”, resume Schuck.

Ainda de acordo com o presidente do Internet Sul, o MCom “ofereceu apoio à região realizando reuniões e identificando os principais problemas enfrentados”. Enquanto isso, a associação teve que lidar com novos dilemas envolvendo o compartilhamento de postes, por exemplo.

“Até o momento, a única ação necessária foi intermediar junto à concessionária de energia para garantir maior cuidado com os ativos das empresas de telecomunicações, pois houve situações em que a rede de energia estava sendo reconstruída, resultando na remoção de todos os equipamentos de telecomunicações dos postes. Essa situação foi resolvida”, conta Schuck.

Telefonia e sistema de alertas

Quanto à telefonia móvel, o MCom afirma que os serviços das operadoras Claro, Tim e Vivo foram “totalmente recuperados em todos os 38 municípios mais afetados”.

O governo federal também já anunciou que planeja implementar uma unidade de monitoramento de fenômenos climáticos no Rio Grande do Sul. O tema será pauta de reunião na próxima semana entre representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Cemaden, o centro nacional para alertas.

No Congresso Nacional, há propostas em tramitação que buscam reforçar, por lei, a integração dos mecanismos de acompanhamento meteorológico com o envio de mensagens para os celulares dos moradores das regiões em risco.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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