Alcatel-Lucent Enterprise triplica receita no Brasil com política “first in, first out”
A Alcatel-Lucent Enterprise (ALE) tem ganhando mercado nos últimos anos no Brasil, de forma silenciosa. A empresa reviu sua estratégia, aumentou o foco em verticais, conquistou clientes públicos e privados de peso e, como resultado, as receitas triplicaram desde 2020.
Para Sinclair Fidelis, country manager da ALE no país, a estratégia adotada na pandemia, em um momento de falta de componentes para produção de eletrônicos no mundo, foi determinante. “Adotamos o conceito de ‘first in, first out’, ou seja, o primeiro cliente a fazer o pedido seria o primeiro a receber o produto, não importava o país de origem do pedido. No mesmo período, concorrentes que também produzem fora preteriram o Brasil. Essa política acabou ajudando a gente”, resume o executivo.
Em 2014, um fundo chinês comprou o controle da divisão corporativa da Alcatel-Lucent (então parte da Nokia). A Nokia segue sócia até hoje, minoritária. A empresa ensaiou uma guinada para o mundo do software, mas antes disso se deu conta que a demanda pelos equipamentos de rede seguiria forte. Assim, desenvolveu software de comunicação, sem perder a raiz nos equipamentos físicos.
Conforme Fidelis, a empresa oferece comunicações unificadas, mas buscou nichos para se desenvolver. Estabeleceu quatro verticais para trabalhar: governo, saúde, educação e transporte/energia.
“O foco passou a ser fazer a integração com todo o ecossistema dessas verticais, usem ou não apenas nossos equipamentos”, diz Fidelis.
Assim, por exemplo, fechou acordo com a plataforma de educação a distância Moodle e criou ferramentas específicas para ensino a distância. “Um cliente nosso é uma das maiores universidades de ensino a distância do país, que aplica o equivalente a 8 mil provas diárias a seus mais de 800 mil alunos usando nossa tecnologia antifraude”, diz o executivo.
A empresa ganhou também licitações relevantes da CGU, da Presidência da República, passou a atender Ministérios Públicos de diferentes estados, bem como Tribunais do Trabalho e Federais. No setor privados, ele cita o Hospital das Clínicas, a Oncomed, a Oncoclínicas e boa parte das Unimeds, tudo sem vender diretamente nenhum produto, sempre apostando no relacionamento com distribuidores parceiros. O aumento na quantidade deles, aliás, é citado por Fidelis como um pulo do gato.
Especialista em WiFi, a empresa prevê que o WiFi 7 só vai emplacar a partir de meados do ano que vem. “Vemos que o WiFi 6E ainda será muito vendido até o primeiro trimestre de 2024. Depois disso é que a homologação de dispositivos WiFi 7 vai começar”, aposta Fidelis. A tecnologia está entrando em fase final de padronização na IEEE, organização técnica internacional que reúne engenheiros do mundo todo e que decide os rumos do WiFi. O WiFi 7 terá velocidades de download/upload de 30 Gbps no mínimo.
Ele vê a demanda ainda aquecida e aposta na continuidade da demanda crescente pelos “próximos anos”, justamente por causa do WiFi. “O mercado ainda está no começo da curva da demanda por estes dispositivos [WiFi 6E]”.