“Alavancagem insustentável”: Fitch Rebaixa ratings da Oi

Fitch rebaixou ratings da Oi após Justiça conceder cautelar para suspender pagamentos a credores

A Fitch Ratings rebaixou para ‘C’, de ‘CC’, os IDRs (Issuer Default Ratings – Ratings de Inadimplência do Emissor) de Longo Prazo em Moedas Local e Estrangeira da Oi S.A. (Oi), bem como o Rating Nacional de Longo Prazo da companhia para ‘C(bra)’, de ‘CC(bra)’. Ao mesmo tempo, a agência rebaixou o rating das notas seniores sem garantias da Oi, com vencimento em 2025, e o rating das notas com garantias e vencimento em 2026 para ‘C’/‘RR4’, de ‘CC’/‘RR4’.

O rebaixamento acontece após o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) ter concedido à Oi tutela de urgência cautelar que suspende a exigência de todas as obrigações relativas a instrumentos financeiros, como principal e juros da dívida, entre outras medidas. Os ratings da Oi serão rebaixados para ‘RD’ caso haja falta de pagamento dos cupons das notas com vencimento em 2025 após o período de tutela cautelar. Se a empresa entrar com pedido formal de recuperação judicial, seus ratings serão rebaixados para ‘D’.

A liminar concedida pelo TJ-RJ permite à Oi suspender a exigibilidade de suas obrigações pelos próximos trinta dias, principalmente o pagamento de cupom das notas de 2025 com vencimento em 5 de fevereiro e obrigações com seu fundo de pensão.

O objetivo do pedido liminar era preservar caixa, evitar aceleração da dívida, proteger ativos e garantir a continuidade das operações da companhia.

A Fitch considera este evento um suspensão temporária de pagamentos, uma vez que a capacidade de pagamento da Oi ficou irrevogavelmente prejudicada.

Avalia ainda que a empresa vive uma “alavancagem insustentável”. “O EBITDA da Oi continuará significativamente pressionado por sua elevada estrutura de custos, devido aos pagamentos referentes ao seu negócio de telefonia fixa e aos passivos de suas operações legadas”.

No período de 12 meses encerrado em 30 de setembro de 2022, o EBITDA da companhia foi de R$ 517 milhões, frente a dívidas pelo valor de face de R$ 35 bilhões. Além disso, a Oi precisa realizar investimentos de R$ 1,0 bilhão a R$ 1,2 bilhão por ano no próximo biênio, a fim de sustentar seus planos de expansão dos serviços de banda larga, ao mesmo tempo em que transfere clientes da estrutura de cobre para soluções de fibra óptica.

A Fitch afirma ainda que a liquidez da Oi é fraca. Pelas projeções da empresa de análise de ricos, a Oi deve gerar fluxo de caixa livre negativo devido a pagamentos de juros em torno de R$ 1,8 bilhão e investimentos entre R$ 1 bilhão a R$ 1,2 bilhão.

“A Oi tem dívida elevada, de R$ 35 bilhões a valor de face, e sua cobertura de juros é fraca, abaixo de 1,0 vez, apesar dos períodos de carência em parte desta dívida. Ao final de 2022, a empresa reportava saldo de caixa de aproximadamente R$ 3,0 bilhões. A Oi possui vencimentos de dívidas financeiras de R$ 400 milhões em 2023 e de R$ 800 milhões em 2024”, observa.

A Fitch estima o valor da participação da Oi na V.tal – Rede Neutra de Telecomunicações S.A. (V.tal) em aproximadamente R$ 7 bilhões.

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Da Redação

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