Ainda caro no varejo, FWA deve começar pelas empresas, diz Huawei
O Diretor de Soluções Integradas da Huawei do Brasil, Carlos Roseiro, afirmou hoje, 22, no INOVAtic Nordeste, que a banda larga fixa via 5G, conhecida pela sigla FWA, será alternativa relevante na conexão de empresas.
Segundo ele, os equipamentos FWA já ficaram 25% mais baratos neste ano, em relação a 2021. E a tendência é que estes preços continuem a baixar. “Ano passado custavam 200 dólares, hoje já são encontrados por 150 dólares”, falou em sua apresentação no evento.
Apesar da redução, o preço ainda não é inferior o custo de implantação de fibra. Por isso, ele defendeu que inicialmente o modelo de negócio do FWA mire o mercado corporativo, indústrias e, principalmente, PMEs.
A Huawei chama o FWA de linha privada. “O grande cenário que a gente enxerga é de venda para as PMEs. Muitas PMEs no Brasil ainda são servidas por cobre. As linhas privadas são uma forma muito rápida de substituir o cobre. E não só PMEs. Um site de construção civil não tem fibra, pode usar o FWA. Escolas, postos de gasolina, também”, avalia.
A linha privada, vale dizer, não deve ser confundida com a rede privada. Esta segunda é também uma oportunidade para a operadora 5G conectar indústrias.
“A rede privada não precisa sempre ser 5G, pode utilizar o WiFi 6E também, por exemplo. De qualquer forma, a rede privada exige sempre, além do acesso, de edge computing, de cloud, de inteligência artificial. Quem vai ficar com este mercado será a operadora com multitecnologia e interligada ao ecossistema local de aplicações.”, falou.
Quando o 5G se paga?
Grande questão ainda sem resposta diz respeito ao payback das redes 5G. Roseiro comentou que nos países pioneiros na tecnologia foi possível observar tendências sobre a adesão da população à tecnologia.
Tomando por base as experiências da Coreia do Sul, da China e de países do Oriente Médio, ele disse que o 5G tem ritmo de adoção 3x superior ao 4G.
“Nos países pioneiros, 20% é uma espécie de número mágico, de breakeven de uma operação 5G. No início da operação há custos que impactam os resultados da empresa. Mas depois, à medida que a gente consegue migrar os clientes, os benefícios começam a vir. Então depois que 20% da base migra para o 5G, tem-se o número mágico”, falou.
A seu ver, três fatores são fundamentais para se atingir o número mágico o mais cedo possível: ter a rede pronta, ter no mercado os smartphones de baixo preço à venda, e haver aplicações que se beneficiam da melhor a experiência de consumo de dados da 5G.
Segundo ele, o número mágico é atingido em um país grande como o Brasil quando mais de 50% da população tem cobertura. Os celulares, por sua vez, precisam custar cerca de R$ 1,5 mil para atrair o consumidor. E quanto à experiência de uso, é preciso dispor de serviços de vídeo com recursos como freeview (em que o usuário escolhe a câmera).
Roseiro descarta que o 5G, inicialmente, seja uma revolução fulminante. A seu ver, o que vai acontecer é a melhora dos atuais serviços móveis. “À medida que a rede existe, o ecossistema começa a lançar novos serviços. Não é uma questão de ovo ou galinha. É muito claro: precisa ter a rede para depois ter as aplicações”, concluiu.