Abrint vê convergência entre rede móvel e fixa a partir do leilão do 5G
O modelo de negócio dos provedores regionais será diferente após a implantação do 5G. A rede fixa, se bem estruturada, servirá de suporte para a rede móvel e haverá convergência entre ambas. Estas foram as previsões de Cristiane Sanches, conselheira da Abrint, apresentadas durante sua participação no Inovatic, nesta quarta, 27.
Sanches lembrou que 84% do Brasil está conectado em rede fixa, “o que é muito bom, perto de outros países”.
“A Anatel e o governo, de forma geral, sempre tiveram boas políticas de mobilidade. Temos perfil muito maduro no mercado de mobilidade. O 5G vem aí para quebrar um pouco esse paradigma. É um mercado maduro, porém sem a competitividade que existe no mercado de rede fixa”, observou.
Ela compara. “Na rede móvel, o usuário final gera tráfego. Na fixa, usa o conteúdo disponível, e isso dá acesso a outros tipos de serviços. A rede fixa não substitui a móvel, mas quanto mais educado é um povo, mais a rede fixa está atrelada à inclusão digital.”
Para a conselheira da Abrint, se uma rede fixa for bem estruturada, pode trocar serviços com serviços de redes 5G. “É quando existe a convergência da rede móvel na rede fixa. É toda a banda do 5G convergente para soluções.”
O futuro
Sanches acredita que teremos modificação do cenário atual. “Surgirão novos modelos de negócios e novos serviços. Também vejo padronização maior dentro das redes fixas. O universo da padronização é importante para o provedor.”
Ela cobrou atuação forte do regulador para a manutenção da competição no mercado de banda larga. “Se não tiver a mão forte do regulador, a coisa não acontece”, falou.
Para a Abrint, o futuro do espectro é o compartilhamento. “Sem essas redes [móveis] não há como atuar, nem como montar um modelo de negócio”.
Mercado secundário
A executiva prevê que haverá segurança jurídica para exploração do mercado secundário de espectro apenas em 2023, uma vez que o Regulamento de Uso de Espectro [RUE] em elaboração pela Anatel deve ser votado pelo Conselho Diretor da agência apenas segundo semestre de 2022.
“Não vejo modelos de negócios [que usem o mercado secundário] antes disso. A empresa vitoriosa no leilão do 5G vai guardar isso [o espectro] por dois anos porque precisa ter retorno do investimento”, destacou.
O vice-presidente da Anatel, Emmanoel Campelo, participou da mesa e defendeu o uso, desde já, do mercado secundário. Ele observou que a legislação atual já autoriza a realização de negócios no mercado secundário e o uso secundário de espectro, não sendo necessário esperar pelo RUE.
Para Sanches, no entanto, apesar de haver já previsão desse modelo nas regra atuais, convém esperar a publicação do regulamento definitivo sobre o assunto por segurança jurídica.