Abrint se opõe ao atual projeto da Usina Dessal do Ceará

A Abrint se junta ao coro contrário à construção da Usina Dessal do Ceará na Praia do Futuro. Teme que os dutos de captação alterem o fundo do mar, colocando cabos submarinos em risco

JADEQUEIROZ_PRAIA_DO_FUTURO_FORTALEZA_CE Wikimedia Commons

A Abrint, organização que representa provedores de internet de pequeno porte do país, emitiu manifestação nesta sexta-feira, 22, a respeito da construção da Usina Dessal do Ceará. A usina está prevista para ser erguida na Praia do Futuro, em Fortaleza. O local é ponto de chegada de ao menos 16 cabos submarinos transatlânticos.

A ABRINT que sua oposição “é decorrente da não observância das posições geográficas dos pontos de rotas dos cabos submarinos em operação na região, conforme seus respectivos estudos de área de trabalho aprovados”.

A entidade afirma que a preocupação central reside no potencial impacto da usina sobre a estabilidade dos cabos submarinos, “inclusive em razão do substrato do fundo do mar, a perturbação de sua sedimentação e o perfil de implantação destes cabos”.

Para os provedores, é importantíssimo o projeto da Usina para a sustentabilidade hídrica de Fortaleza, mas consideram que ela pode ser executada de forma mais segura para o hub tecnológico. “A proximidade da usina com o hub de cabos submarinos, que são vitais para a conectividade e segurança das comunicações do país, demanda uma análise mais cuidadosa e aprofundada. Estes cabos não são apenas infraestruturas de comunicação, mas também elementos críticos na geopolítica de dados e na segurança nacional”, observa a Abrint.

As medidas já tomadas pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) para mitigar os riscos, ao afastar as tubulações dos cabos, não são suficientes, avalia a Abrint. “Ainda existem sérias preocupações que precisam ser endereçadas antes do início das obras. Portanto, solicitamos o devido respeito ao canal de diálogo já estabelecido entre todos os envolvidos – incluindo o governo, a Cagece, as operadoras de telecomunicações, a Anatel e outras entidades reguladoras”, acrescenta.

A Abrint defende, na nota, diálogo e busca por consenso neste caso, e vê como possível um “equilíbrio entre os benefícios advindos deste projeto de dessalinização com a preservação da integridade dos cabos submarinos”.

Por fim, se propõe a participar das conversas. “A ABRINT e os provedores regionais estão comprometidos em contribuir ativamente para esse diálogo, oferecendo nossa expertise e colaboração para garantir que todas as medidas de precaução sejam consideradas e implementadas”.

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Rafael Bucco

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