Abrint prevê enxurrada de processos após decisão da Aneel

Para presidente da Abrint, entidade que representa provedores regionais de internet, decisão da Aneel deixa sem solução no horizonte problemas que se arrastam há muitos anos

O presidente da Abrint, Mauricélio Oliveira Júnior, lamentou a decisão da Aneel de extinguir o processo de revisão da resolução conjunta sobre compartilhamento e prevê que agora haverá uma enxurrada de processos envolvendo prestadores de telecomunicações e distribuidoras elétricas em todo o Brasil.

Em conversa com o Tele.Síntese, Júnior destacou que muitos provedores regionais aguardavam a resolução do caso pelas agências, o que não aconteceu como esperado nesta terça-feira, 23.

Mauricélio Oliveira | Diretor Presidente da Abrint
Mauricélio Oliveira | Diretor Presidente da Abrint

“Esse era um trabalho que vinha sendo construído há muito tempo, e a votação de hoje joga por água abaixo”, avalia.

Conforme reportado por este noticiário, o regulador do mercado elétrico extinguiu o processo por considerar que o Decreto 12.068/24, editado pelo governo federal, exige uma revisão mais aprofundada do que o texto já aprovado pela Anatel propunha para o compartilhamento de postes.

A Abrint, diz Júnior, ainda avalia, porém, qual pode ser o próximo passo e se existe alguma possibilidade de reversão da decisão da Aneel. “Estamos analisando os efeitos disso, e estamos muito preocupados. Esperávamos que a decisão hoje viesse a nortear o que está errado há muito tempo. Agora, esperamos que isso possa ser revertido de alguma”, falou.

Para presidente da Abrint, o decreto 12.068/24 é claro e pacifica a questão da cessão de postes a um terceiro explorador – diferente do que entendeu o diretor geral da Aneel em seu voto.

A seu ver, as distribuidoras de energia não demonstraram competência para gerir os pontos de fixação dos postes, foram inefetivas em evitar a ocupação clandestina e hoje em dia não sabem como limpar a sobrecarga.

“Hoje, quando agem, acabam interferindo em serviços legítimos, cortando cabos, o que leva à judicialização. Então entendemos que precisa de um terceiro para prestar um serviço melhor”, avalia o executivo.

Ele também ressalta as dificuldades que provedores têm em negociar preços de uso dos postes. “Creio que o que vai vir em seguida vai ser uma enxurrada de processos em relação a preços das concessionárias. Isso já está praticamente com jurisprudência positiva para as operadoras, e não dá mais para esperar. Estávamos na esperança para não judicializar, e agora não tem jeito”, conclui.

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Rafael Bucco

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