5G não deve ampliar tíquete médio do brasileiro com celular

Aposta é da Algar Telecom, que cobra compartilhamento de redes para reduzir o custo com a implantação do 5G no país.
Crédito: Freepik
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A chegada da 5G ao país é promissora por ampliar as possibilidades de geração de receita das operadoras com serviços inovadores, mas no mercado tradicional móvel de varejo, pouca coisa deve mudar. O tíquete médio do brasileiro, especialmente no pré-pago, continuará baixo.

“O usuário de celular pré-pago gasta 20 reais, na média, no Brasil. Se for tecnologia 3G, 4G, ou a 5G, vai continuar gastando 20 reais. É uma realidade do nosso país”, afirmou Luis Antonio Lima, VP de tecnologia e evolução digital da Algar. Ele participou na manhã de hoje, 23, de painel do evento Telco Transformation Latam.

Diante desse fato, o executivo defendeu mais flexibilidade por parte das grandes e disposição para o compartilhamento de rede, uma vez que no interior do país, o 5G deve se popularizar pelas mãos dos ISPs, avalia.

Luis Minoru, VP de estratégia da Highline, concorda que a tecnologia tem pouco impacto sobre o valor praticado no serviço móvel. “Isso não é suficiente para aumentar a disposição do consumidor em pagar mais”, observou.

Redes neutras

Minoru defendeu o modelo que a Highline busca no país, de operar uma rede neutra móvel. Ele reafirmou que a empresa está disposta a ser mais do que um operador de infraestrutura passiva, e vê grande oportunidade em vender acesso a infraestrutura celular ativa.

“Mas para isso, o mercado tem que se mostrar disposto pelo modelo. Se não houver essa disposição, continuaremos a oferecer infraestrutura passiva, uma vez que o 5G vai exigir muito mais torres e antenas”, afirmou.

Lima, da Algar, foi crítico em relação ao modelo de rede neutra proposto pelas rivais Vivo e TIM. Ambas venderam fatias relevantes de suas redes ópticas a investidores estrangeiros, que vão explorar a infraestrutura como rede neutra. Mas as teles seguirão como clientes âncora e terão, por contrato, acesso exclusivo à rede óptica por um período de ao menos seis meses.

“Temos que pensar em maneiras de compartilhamento que sejam efetivas, senão vai resultar em concentração de poder. O compartilhamento faz sentido. Mas na rede do parceiro, se o cliente âncora tiver um ano de dianteira, não adianta pra gente. Dificilmente o cliente conquistado nesse período vai sair para outra operadora depois se o serviço for feito com qualidade. Então tem que ter uma forma de equalizar isso”, falou.

Cristiane Sanches, conselheira da Abrint, concorda. Para além do compartilhamento, ela ressaltou a capacidade de os provedores regionais cobrirem o Brasil com fibra. Segundo ela, a lista de cidades sem backhaul elaborada pela Anatel está defasada, e um levantamento da associação revelou isso. “Fizemos três campanhas para atualizar os dados. E descobrimos uma grande defasagem. Estamos falando de mais de 1,1 mil cidades que têm backhaul em fibra e que na lista constavam como se não tivessem a infraestrutura. O que temos hoje no Brasil não é diferente do resto do mundo, em que 30% das áreas rurais não são atendidas”, pontuou.

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Rafael Bucco

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