Bancarização é a ponta do iceberg
Atualmente, o celular tem um papel relevante para a bancarização de milhões de brasileiros. Com o auxílio emergencial sendo distribuído por meios digitais, dezenas de milhões de pessoas foram forçadas a usar serviços financeiros online. Mas o que precisa ser melhorado na experiência do usuário para o acesso aos serviços financeiros? Aqueles bancarizados à força vão se manter no mundo virtual? E o mundo físico, vai sofrer mudanças? Essas e outras questões foram levantadas no quarto dia do 5×5 Tec Summit, dedicado ao setor financeiro, nesta quinta-feira, 9.
Para Boanerges Freire, CEO da Boanerges & Cia. Consultoria, a bancarização é só a ponta do iceberg. Abaixo desse pequeno pedaço à vista há uma enormidade de assuntos a serem resolvidos antes de o cidadão ser incluído nos serviços financeiros. “É preciso fazer a inclusão socioeconômica. Isso é a base, além da alfabetização geral, funcional e digital”, resume o economista.
“Tem tanta coisa para trás. (O smartphone) É uma peça importante, mas não se deve confundir o meio com o fim. A bancarização e o celular são meios para resolver problemas estruturais. O que essa pessoa mais precisa, hoje, além do básico – que é alfabetização, renda e emprego –, são soluções para algumas necessidades. E a grande necessidade, na realidade, é o crédito. Ou ampliamos a visão sobre esse assunto, ou vamos ficar na superfície desse oceano enorme que tem muita profundidade”, completou.
Para Janssen Lobo, vice-presidente de inovação & parcerias da GWCloud, o open banking pode fazer com que aquelas pessoas na base do iceberg possam acessar serviços financeiros, uma vez que vão ser feitos diversos cruzamentos de produtos e serviços, de modo a personalizá-los. E concorda com Freire sobre a importância da oferta de crédito. “Mas nós temos que ter um viés da realidade do nosso País, que é muito heterogêneo. Tem muito a se desenvolver, muito a se pensar em microcrédito por meio do open banking”, acrescentou.
Carlos Cunha, diretor de contas da indústria financeira da Huawei, apresentou um outro lado para a retenção de clientes por parte das fintechs: a experiência do usuário. “As instituições que conseguirem endereçar melhor a experiência, com menor fricção, com bom atendimento, mais humanizado, terão melhor resultado. Temos que olhar para a nossa realidade. Acredito que as pessoas continuem com suas contas digitais, mas a sua utilização vai depender do tipo de oportunidade, necessidade e disponibilidade de serviço que está lá”, disse.