Metaverso no agro: a inspiração para inovar está dentro do Brasil, dizem especialistas
Entre desenvolvedores de soluções e fornecedores de conectividade, a percepção sobre a agroindústria é a mesma, de que o Brasil não perde em termos de tecnologia para outros países. No início da Agricultura 5.0 e em meio aos primeiros resultados do metaverso no setor, especialistas reunidos pelo Tele.Síntese no AGROtic de 2023 destacam o potencial do país e o cenário de oportunidade.
“O lado ruim da tecnologia emergente é que você não tem parâmetro ainda e o lado bom [também] é que você não tem parâmetro. Permite que nós, país mais agrícola do mundo, possamos dizer que as tecnologias podem fazer sentido”, disse Ricardo Matiello, CEO da startup RICMA.
Maurício de Menezes, gerente de Conexões com Clientes LATAM da John Deere, empresa de equipamentos industriais, explica que o potencial brasileiro começa pelo perfil promissor de quem faz a agroindústria no país.
“A primeira coisa que a gente leva em consideração sobre o agricultor brasileiro, é que ele é o agricultor mais digital do mundo. Por uma série de fatores. Um deles é que os nossos produtores rurais têm a menor idade média a nível global. Então eles são, por natureza, mais conectados, mais adeptos às tecnologias”, diz Menezes.
O cenário do agro brasileiro também já reformulou projeto da TIM, como conta o Paulo Humberto Gouvea, diretor de Soluções Corporativas da operadora no Brasil. “Uma das coisas que a gente viu no agronegócio quando a gente começou o projeto [o 4G TIM no campo], é até uma historinha… A ideia era chamar de SmartAgro, mas quando a gente meteu o pé no barro, quando a gente saiu da tecnologia de telecomunicações e foi pra dentro do campo e conhecemos as máquinas, a gente descobriu que o agro tinha muita tecnologia”, disse.
“O Brasil já está em linha de tecnologia como o que tem de melhor no mundo. Já somos referências em várias culturas do campo”, destaca Gouvea.
Metaverso no agro
Ricardo Matiello, CEO da startup RICMA, acompanhou a implantação da primeira agência bancária brasileira no metaverso, projeto da Sicoob com a empresa. No agro, levou produtores a um laboratório de insumos biológicos, visita esta que seria complicada devido aos riscos de contaminação de um contato físico, mas com a realidade virtual transformou o conceito de apresentar produtos em feiras de exposição.
“É um momento de aprendizado. Estamos na construção de uma tecnologia que é muito promissora. Muita gente fala que a web imersiva e a realidade virtual tem o potencial de trazer o mesmo impacto de mudança de comportamento que aconteceu com o iPhone lá atrás”, compara Ricardo Matiello, CEO da RICMA.
As experiências não se limitam à visita virtual. A John Deere, por exemplo, já destaca números que a capacitação realizada no metaverso proporcionou. “Um operador treinado virtualmente em simulador, por exemplo, consegue em dois meses ter mais resultado que um operador sendo treinado da maneira tradicional, que leva de seis a oito meses”, disse Menezes, Gerente de Conexões com Clientes da empresa.
A Syngenta Digital, por sua vez, oferece plataformas para plantas digitais dos terrenos e com base nos dados, auxilia a produção, com ferramentas como mapa de calor, de chuva, de pragas, entre outros.
“Quanto mais próximo a gente chega da representação digital das fazendas, mais a gente tem condições de acelerar a tomada de decisões do produtor”, disse, disse Renato Correa, head de Remote Sensing e Computer Vision da empresa.
Desafios
Correa destaca que a importância do investimento. “Os genes digitais passam por entender o solo, as daninhas, a temperatura, então, tudo isso, requer sensores. Tudo isso requer investimento em hardware, em aparelhos que vão ali pro campo e inclusive, das pessoas que vão para lá”, alerta.
O diretor de Soluções Corporativas da Tim Brasil, Paulo Humberto Gouvea, lembra que um dos desafios é atingir mais empresas. “Em toda tecnologia, as principais verticais estão voltadas às grandes empresas. Se a gente olhar para o agro brasileiro – e não só o agro, a indústria brasileira – as grandes empresas são a ponta da pirâmide. Mais de 90% do que a gente tem na agricultura e mais de 90% do que a gente tem na indústria são pequenas e médias”, disse.
Apesar dos desafios, há otimismo no mercado. “É um momento de aprendizado. Estamos na construção de uma tecnologia que é muito promissora. Muita gente fala que, aquilo que aconteceu com, o iphone lá atrás, a web imersiva e a realidade virtual tem o potencial de trazer o mesmo impacto de mudança de comportamento”, conclui Matiello, CEO da RICMA.