Fusão com Open Fiber naufraga, mas Grupo TIM mantém planos para vender ativos

Fundos donos da Open Fiber recuaram após governo italiano anunciar grupo de trabalho de criação de rede única nacional com base em ativos do Grupo TIM

Os fundos CDP Equity, KKR, Macquarie e a Open Fiber informaram hoje, 30, que desistiram de da proposta anunciada em maio de criar uma rede óptica neutra única e nacional na Itália a partir de fusão com ativos de infraestrutura do Grupo TIM, dono da TIM Itália e da TIM Brasil.

O trio de investidores dono da Open Fiber avisou que pesou na decisão de encerrar as negociações o anúncio do governo italiano de criar um grupo de trabalho para traçar o futuro da principal operadora de telecomunicações do país da bota.

O Grupo TIM, também em comunicado dirigido à imprensa, confirmou que os fundos não pediram qualquer extensão de prazos, e com isso as negociações foram terminadas sem sucesso.

Disse também que está “aberto à discussão” com o governo. E que seguirá no mercado em busca de sócios ou compradores para seus ativos a fim de “superar a integração vertical e reduzir o endividamento”.

Trocando em miúdos, com ou sem intervenção do governo, o grupo seguirá o plano traçado pelo CEO, Pietro Labriola, de dividir a empresa entre unidade de infraestrutura e unidades de serviços.

Atualmente, o grupo tem endividamento bruto de € 32,67 bilhões (o que equivale a R$ 176,45 bilhões).

Embora o acordo do Grupo TIM com CDP, KKR e Macquarie, donos da Open Fiber, tenha feito água, os fundos dizem que não desistiram completamente de participar em uma rede óptica única italiana. Reconhecem que a criação de um grupo de trabalho no governo levou ao fim das negociações, mas dizem que estão dispostos a participar do GT.

O futuro do Grupo TIM, antiga Telecom Italia, depende agora da execução do Plano Labriola e do governo liderado pelo partido de extrema direita Irmãos da Itália, que defende uma retomada dos costumes, tradições e poder econômico de italianos sobre empresas de significância local.

Uma das possibilidades aventadas pelo partido, inclusive, consiste na venda da TIM Brasil para redução da dívida  e fortalecimento da TIM Itália em relação a outras operadoras europeias.

Atualmente, o Grupo TIM tem como acionista majoritário a francesa Vivendi, que, em uma costura final, poderia ficar com a TIM Brasil em troca da fatia que tem no grupo italiano.

A multinacional francesa já foi dona da GVT no Brasil, e desde a venda do ativo para a Telefônica em 2016, focou esforços no entretenimento (games e vídeo). Herdar a TIM Brasil faria sentido, segundo observadores do mercado ouvidos pelo Tele.Síntese, caso já houvesse um comprador a postos. Sem isso, um solução para o impasse segue incerta.

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Rafael Bucco

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