TV 3.0 no celular depende de união do ecossistema móvel
Para chegar ao celular, a TV 3.0 precisa de um ecossistema unido em torno da tecnologia, o que depende de uma atuação coordenada entre emissoras, operadoras de telecomunicações e fabricantes de smartphones, de acordo com Raymundo Barros, presidente do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD).
Apesar de o Fórum ter recomendado a adoção do padrão ATSC 3.0 ao Ministério das Comunicações (MCom), a sugestão diz respeito apenas à recepção fixa do sinal. Ou seja, a recomendação da TV 3.0 em celulares deve ficar para outro momento, mas, em sua avaliação, só dará certo se o ecossistema móvel se unir.
Barros destacou que tanto o padrão ATSC 3.0 como o 5G Broadcast têm versões para transmissão via celular. No entanto, diz que desconhece aparelhos compatíveis com essas tecnologias, o que inviabiliza, por ora, a TV 3.0 em dispositivos móveis.
Em conversa com jornalistas durante o evento SET Expo, nesta terça-feira, 20, o presidente do SBTVD ainda ressaltou que o assunto “sequer está em discussão, mas é um tema para uma possível colaboração mais à frente” – a minuta do decreto que o MCom deve encaminhar à Presidência da República até dezembro não abordará a terceira geração de TV digital em celulares.
“A necessidade de um ecossistema é que vai criar interesse do fabricante do terminal, da operadora e do radiodifusor em servir o consumidor da forma mais inteligente”, pontuou Barros.
Para Barros, o modelo ajudaria a reduzir a pressão sobre as redes móveis, uma vez que as transmissões funcionariam mesmo sem SIM card e não consumiriam banda de internet. Com conectividade 5G, por sua vez, as operadoras poderiam personalizar a experiência do cliente, inclusive com uma veiculação mais assertiva de publicidade.
“O que estamos dizendo é que uma relação com todas as operadoras com base neste ecossistema a ser construído permitiria que os celulares recebessem o sinal aberto, gratuito e sem consumo de rede. Mas, através do SIM card e da rede 5G, essa personalização da publicidade pudesse acontecer”, explicou.
Em painel sobre as inovações da TV 3.0, o presidente do Fórum salientou que a tecnologia que o País escolher para a próxima geração de TV em celulares deve levar em conta a produção em escala mundial. Ele citou a possibilidade de o modelo brasileiro seguir o que for adotado na Índia, país mais populoso do mundo e com alto consumo de TV em smartphones.
Perspectivas para o decreto
O secretário de Comunicação Social Eletrônica do MCom, Wilson Diniz Wellisch, ressaltou que a pasta deve encaminhar o decreto de implantação da TV 3.0 ao presidente Lula até dezembro, incluindo o padrão de transmissão, as radiofrequências e os incentivos fiscais para massificar a produção de conversores e televisores.
Segundo ele, a expectativa é de que o decreto presidencial seja publicado no primeiro semestre do ano que vem. Com isso, as normas adicionais devem sair a partir do segundo semestre.
Por parte da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o superintendente de Outorga e Recursos à Prestação, Vinicius Caram, reforçou que o órgão regulador busca liberar de 12 a 14 canais na faixa e 300 MHz para a primeira etapa da TV 3.0 no Brasil.