VMWare e Intel estão de olho no mercado OpenRAN brasileiro

Empresas se unem para revender plataforma própria de rede aberta diante da perspectiva de instalação de novas estações móveis em todo o país

O desenvolvimento do padrão OpenRAN, de redes de acesso desagregadas, levou dois pesos pesados do mercado norte-americano de tecnologia a darem as mãos e buscarem, inclusive no Brasil, seu quinhão no segmento. Anunciada em agosto lá fora, a parceria entre a VMWare e a Intel para o desenvolvimento de soluções de virtualização já rende ofertas no país.

Os executivos das empresas estão em contato com os das operadoras para vender o uso da plataforma FlexRAN. A plataforma usa os recursos computacionais desenvolvidos pela Intel, como chips x86, FPGAs e eASICs, sobre os quais rodam os softwares da VMWare para a virtualização dos serviços da rede.

Segundo Roberto Corrêa, especialista em telecom para o mercado brasileiro na Intel, o foco da parceria é desenvolver soluções até o momento inexistentes no portfólio das empresas, como programas de otimização de Massive MIMO. Tudo de olho na demanda que virá com a 5G.

“Com a chegada de novos dispositivos e aplicações para o consumidor, há pressão por recursos técnicos nas células e no ambiente de rádio. Existem aplicações de machine learning para melhorar e otimizar as características da rede [que podem ser implementadas]”, avalia.

O movimento das empresas segue a previsão de que o crescimento das estações radiobase 5G, boa parte das quais aptas a receber recursos OpenRAN, vai crescer exponencialmente nos próximos anos. Pela estimativa da própria Intel, 2020 vai terminar com 800 mil estações 5G implantadas no planeta. Mas até 2024, o número saltará para 6 milhões.

Alexander Linhares, gerente de novos negpocios para telco da VMware, explica que de 70% a 80% do Capex das operadoras móveis costumam ser destinados à rede de acesso. O momento, explica, é de busca pela redução de custos, e neste sentido a OpenRAN ganha tração, uma vez que abre o mercado a novos competidores que poderão entregar soluções virtualizadas. E a intenção é que a plataforma sobre a qual os programas virtualizados rodem seja da VMWare.

“O desafio é garantir que haja máxima integração entre as soluções”, diz. Coisa que promete existir com a arquitetura FlexRAN. Lá fora, já tem casos de uso e compradores de grande porte, como a alemã Deutsche Telekom, a estado-unidense Dish e a japonesa Rakuten.

A VMWare é conhecida no mercado pela virtualização do core, ondem rodam as funções de rede. Agora, quer ir mais para a borda, como diz o executivo. “É muito importante o Capex empregado no acesso, então queremos participar mais ativamente desse mercado”, resume. A grande questão é como os fabricantes tradicionais de RAN vão reagir à chegada de mais concorrentes.

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Rafael Bucco

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