Vivo tem modelo de negócio “sólido” e perfil financeiro “conservador”, avalia a Fitch

Empresa de análise de risco diz que a política de remuneração de acionistas da Vivo, que vai distribuir mais de 100% dos lucros, não pressiona o endividamento, considerado baixo

25 anos da Vivo na bolsa de valores brasileira. Crédito. Tele.Síntese

A empresa de análise de risco Fitch divulgou hoje, 23, relatório em que elogia a Telefônica Vivo e mantém os títulos de longo prazo da operadora com a nota mais positiva possível em da escala de avaliação: AAA(bra).

“Isso reflete o modelo de negócio sólido da Telefônica Brasil, apoiado e sua posição de liderança no mercado brasileiro de telecomunicações e seu perfil financeiro conservador”, diz o material.

A avaliação se baseia nos números que a empresa registrou nos últimos tempos, e também em projeções feitas pela Fitch para o crescimento da companhia.

“Esperamos que a operadoras apresente forte desempenho operacional pelos próximos três anos”, aponta o material. A expectativa é de crescimento no mercado móvel pós-pago, na banda larga fixa baseada em fibra óptica até a casa do cliente, e nas vendas corporativas.

Segundo a Fitch, a política de remuneração de acionistas anunciada pela Vivo neste ano não altera em nada a avaliação de risco do grupo. “Nossa expectativa é que o perfil de crédito da Telefônica Brasil continue forte, com fluxo de caixa persistente apesar de a grande distribuição de dividendos e realização de investimentos ter impacto limitado sobre a alavancagem”, indica a análise.

Projeções

A Vivo tem 39% do mercado celular, enquanto a Claro, segunda colocada, tem 34% e rating ligeiramente inferior: A- Positivo. A nota da Vivo é comparada à da TIM, que tem 24% de market share. “Ambas as empresas têm perfis de negócios e de créditos robustos, fluxos de caixa persistentes, baixa alvancagem e flexibilidade financeira. A nota está muitos degraus acima da nota da Oi S.A. [D(bra)], que entrou em recuperação judicial em março de 2023”, anota a Fitch.

A opinião da Fitch considera que a Vivo terá 101 milhões de assinantes móveis ao final de 2024 e 103 milhões ao final de 2025. Que a base pós-paga continuará crescendo, passando dos 64% neste ano e dos 65% no próximo. A receita média por usuários vai crescer de R$ 29,5 para R$ 30 no período. E o Capex da companhia teve fechar este ano em R$ 9 bilhões, e 2025 em R$ 9,2 bilhões. Também levou-se em conta que a Vivo tinha em março de 2024 R$ 6,8 bilhões em caixa, e dívida total de R$ 5,1 bilhões.

Com relação à dinâmica do mercado de telecom, a Fitch prevê alta de 2% a 3% ao anos das vendas de SIM cards e acessos fixos de banda larga, pelo próximo triênio. Já a demanda por telefonia fixa e TV paga deverá encolher entre 5% e 7%, calcula.

Outro ponto destacado diz respeito ao leilão 5G de característica não arrecadatória. Segundo a Fitch, o formato trouxe pouca pressão ao fluxo de caixa da Telefônica Brasil. A empresa ainda tem R$ 1,3 bilhão a pagar pelas licenças, mas disso, R$ 351 milhões serão no curto prazo, e o restante em prestações de R$ 61 milhões ao ano até 2040. Além disso, a tele está redirecionando aportes do 4G e 4.5G para o 5G.

A Fitch também descarta movimentos do controlador, o Grupo Telefónica, que aumentem o endividamento da Vivo, hoje equivalente a 0,5x do EBITDA. Os espanhóis são donos de 75,3% da Vivo, que por sua vez representa 3% do endividamento total do grupo e gera 23% das receitas. “Contribui para a redução da alavancagem total da Telefónica”, resume a empresa de avaliação de risco.

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Rafael Bucco

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