Visa Brasil aposta nos modelos de cashback em critpo e parcerias com carteiras digitais

Como os tradicionais programas de milhagem têm sido afetado devido ao isolamento social provocado pela pandemia, o mercado passa a oferecer alternativas de recompensas baseadas em bitcoins para os usuários.

O anúncio do Banco Central de criar a moeda digital no país (CBDC – Central Banking Digital Currency) e a entrada de bancos tradicionais como Itaú-Unibanco e Safra no mercado de criptoativo para investimento contribuíram para chancelar e movimentar o uso das criptomoedas no país.

Embora a criptomoeda seja ainda muito utilizada no Brasil como investimento, ela foi concebida para ser um meio de pagamentos e já começa a ser usada com essa finalidade, especialmente em mercados mais maduros.

Eduardo Abreu, VP de Novos Negócios da Visa Brasil

Tornar as criptomoedas mais seguras, úteis e aplicáveis para o pagamento tem sido um dos focos da Visa no processo de interligar o mundo das moedas digitais com as moedas tradicionais. “Estamos com equipe e estrutura para atuar fortemente no mercado de criptomoedas no Brasil, respeitando a regulação como ocorre nos Estados Unidos”, afirma Eduardo Abreu, VP de Novos Negócios da Visa Brasil.

Como a Visa já tem a relação com consumidores e estabelecimentos comerciais, consegue fazer as moedas digitais chegarem ao ponto de venda de forma mais rápida e fácil. O lojista ainda precisaria fazer alterações em seu checkout para tornar isso possível. Cerca de 35 critpoplataformas já escolheram emitir com a empresa.

Atualmente, a bandeira trabalha nos Estados Unidos com USD Coin (USDC), uma stable coin (moeda estável) garantida pelo dólar americano, para liquidar transações com a Visa por meio da Ehterum, uma das plataformas mais utilizadas de blockchain de código aberto. “Se faço uma compra de US$ 100, o valor é automaticamente convertido para USDC e abatido do meu saldo em USDC”, diz.

Conforme Abreu, colocar uma nova criptomoeda no sistema Visa, que opera com mais de 160 moedas diferentes, é como inserir um novo país. Para isso é preciso parametrizar o sistema contábil e de liquidação. As próximas moedas que constam no roadmap da bandeira no Brasil, segundo ele, serão as emitidas pelo Banco Central, por contarem com a segurança do regulador e menos problemas de estabilidade.

Nos Estados Unidos, a empresa fez parceria com a Ancorauge, banco americano credenciado em ativos de criptomoedas, que conecta por meio de suas APIs, os interessados na venda de moedas digitais. A intenção da bandeira é trazer para o Brasil essa experiência, uma vez que muitos bancos brasileiros e emissores não dispõem de brokers especializados em fazer essa operação para os clientes. “Em vez do Itaú procurar alguém, poderá usar nossa parceria com o Ancorauge, que é a instituição financeira que está por trás dessa operação”, explica.

 Além de estimular o uso de APIs, a Visa Brasil aposta no modelo de parcerias de carteiras digitais e cashback em cripto no país. No ano passado, estabeleceu parceria com a Alter, que lançou a primeira conta digital multimoedas no país, permitindo transacionar reais e bitcoin no cartão.

Cashback em bitcoin

Vinicius Frias, CEO da Alter

O plano de cashback em bitcoin, que compete com o programa de milhas aéreas oferecidas nos cartões tradicionais, está catapultando usuários da moeda digital na Alter. “Em uma compra de R$ 100, por exemplo, o usuário ganha meio por cento em bitcoin”, afirma Vinicius Frias, CEO da Alter. Essa iniciativa, segundo ele, tem funcionado para educar clientes interessados em usar criptomoeda, além de tornar uma forte ferramenta de marketing para a aquisição de novos clientes.

A conta digital da startup integra o armazenamento e a conversão de criptomoedas às operações financeiras tradicionais. Isso significa que o usuário pode reunir na mesma carteira sua conta com moedas digitais e o cartão Visa. A solução permite efetuar diversas operações bancárias como compras, saques, pagamentos de boletos e transferências.

O cliente define onde quer debitar a compra, no cartão físico ou virtual. A partir da integração com a plataforma da Dock, que provê tecnologia e infraestrutura bancária, a Alter consegue operar com bitcoin. “Mandamos reais para a Dock, que corre risco zero, de forma a fazer o encontro de contas e garantimos a volatilidade do bitcoin”, conforme Frias.

Na sua opinião, o funcionamento em tempo integral do Pix, novo sistema de pagamento instantâneo do BC, tem beneficiado o mercado de bitcoin, que também opera em regime 24×7. “Passamos a transacionar R$ 5 milhões diariamente, nos últimos três meses”, conta.

A Alter atende a 70 mil clientes na carteira usando seu serviço. Cerca de 70% deles encontram-se na faixa etária de 25 a 45 anos, sendo 85% do sexo masculino. “O mercado cripto é dominado por homens, pois eles têm mais apetite a risco”, conclui.

 

 

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Vera Franco

Jornalista com atuação em tecnologia e negócios e experiência internacional como correspondente baseada em New York para jornais e revistas da grande imprensa e da mídia especializada. Formada pela PUC/ RJ, com especialização em Stanford University e MBA em Marketing ESPM/SP

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