Vero colhe sinergias acima do esperado após fusão com a Americanet
A Vero divulgou nesta terça-feira, 14, os resultados de janeiro a março de 2024, primeiro trimestre em que funcionou do começo ao fim unida à Americanet. Segundo o CEO Fabiano Ferreira, a companhia registrou geração de caixa de R$ 141 milhoes, dos quais R$ 17,2 milhões por conta do negócio – o que representa 170% do que era esperado em sinergias para este período.
Para ele, o resultado está em linha com o objetivo de obter até R$ 1 bilhão em sinergias resultantes da fusão até 2030. O dado é importante, avalia, por conta do significado à empresa, uma das protagonistas do setor de banda larga quando o assunto é aquisição de empreendimentos.
Até o momento, foram concluídas 60% das atividades de integração entre Vero e Americanet, cuja união aconteceu em 1º de dezembro de 2023.
Ferreira também destaca ao Tele.Síntese o retorno sobre capital investido (ROIC) para avaliar o desempenho do grupo. Este número alcançou 23%, ante 19% no trimestre anterior. “A gente tem que ser uma empresa que gere caixa para continuar crescendo, até porque temos que pagar a dívida e as empresas que adquirimos”, resume.
Os dados do trimestre mostram que a Vero gerou lucro líquido ajustado de R$ 7,4 milhões – mas este número é impactado por empréstimos e aquisições. Por isso, o EBITDA ajustado menos capex é considerado uma métrica mais exata por Ferreira para demonstrar o sucesso do negócio – e este foi de R$ 134 milhões, alta de 89% em relação a um ano antes, considerando dados pro forma de Vero+Americanet. “A gente conseguiu mais do que servir a dívida com geração de caixa operacional”, observa.
O EBITDA Ajustado totalizou R$ 222,6 milhões, com um aumento de 17% contra o mesmo período do ano anterior das companhias consolidadas. A empresa terminou o trimestre com dívida líquida consolidada de R$ 2,5 bilhões.
Demanda por debêntures acima do esperado
A recente emissão de debêntures foi outro movimento de negócio com impacto positivo no caixa e eficiência operacional. Ao longo dos últimos meses, a empresa concluiu a captação de R$ 725 milhões por meio de sua terceira emissão de debêntures simples. Inicialmente, a oferta pública desses papéis foi ao mercado para captar R$ 400 milhões, mas o volume foi elevado para atender à forte demanda dos investidores.
Essa operação alongará de 2,49 anos para 3,92 anos o prazo médio da dívida da empresa, que passará a estar 81% concentrada no longo prazo, frente ao percentual anterior de 71%. E essa transação é imediatamente refletida no caixa da empresa
Presente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a Vero encerra o primeiro trimestre do ano com base de assinantes combinada em 1,35 milhão, rede em 420 cidades, 77 mil km de redes instaladas, das quais, 23,7 mil são backbone. O resultado do ARPU (receita por usuário) foi de R$ 108, crescimento de 1% em relação mesmo período do ano anterior, e o churn de 2%.
Expansão por aquisições segue no radar
Ferreira conta que a união com a Americanet não fez a operadora deixar de avaliar mais novas oportunidades de M&A. “Estamos de olho em todos os movimentos. A gente conversa com novos investidores, com outras empresas do setor, seja para fusão, seja para aquisição, temos competência para ir por essa fonte e temos possibilidade de fazer vários negócios que vão trazer mais crescimento. Todas as possibilidades estratégicas estão na mesa”, comentou. A empresa é uma das que olham para a Oi Fibra, por exemplo.
Outra possibilidade é retomar o plano de abertura de capital, abandonado em 2022. “O plano de IPO não está descartado. Tem que ter uma janela de oportunidade para isso, um valuation da empresa que faça sentido”, comenta.
A seu ver, a empresa já trilhou parte importante do caminho ao obter o registro na CVM. “Isso é demorado de obter, e já temos contato com investidores, já falamos rotineiramente com analistas financeiros, participamos de conferências para empresas não listadas. Então já temos esta vantagem de estar ali e sermos conhecidos, o que nos leva a crer que no futuro o valuation pode ser positivo para a gente. Mas também vai depender da conjuntura da macroeconomia do país”, afirma.