Venda da Oi Móvel está demorando mais que o esperado, diz COO da Telefónica

"Acreditávamos que haveria uma espécie de namoro rápido. No fim, está sendo algo como uma dança em câmera lenta, mas ainda estamos e continuaremos interessados", afirmou Ángel Vilá a analistas, durante a conferência dos resultados de 2019.

O grupo espanhol Telefónica, dono da Telefônica Vivo no Brasil, continua interessado em adquirir ativos móveis da Oi, mas reconhece que o processo de venda está correndo mais lentamente do que o esperado.

“Acreditávamos que haveria uma espécie de namoro rápido. No fim, está sendo algo como uma dança em câmera lenta. Mas ainda estamos e continuaremos interessados”, reiterou Ángel Vilá, chief operating officer do conglomerado europeu, durante a conferência dos resultados de 2019 com analistas.

Segundo ele, o processo de consolidação que está acontecendo no Brasil é muito complexo por envolver questões regulatórias e concorrenciais. “Nós acreditamos que uma consolidação no mercado brasileiro é possível, mas que nenhuma operadora local consegue realizar esse processo sozinha”, declarou.

Em seguida, explicou que há três operadoras no mercado local brasileiro capazes de se envolver na consolidação, e que teria de haver uma formatação que divida os ativos entre espectro e base de usuários.

Ressaltou que apenas duas empresas teriam melhores condições de adquirir as licenças de uso de radiofrequência hoje detidas pela Oi Móvel – embora não tenha citado quais, é possível deduzir que esteja falando da TIM e da própria Vivo, ambas donas de menos frequências que a Claro.

Quanto à base de clientes da Oi, com cerca de 36 milhões de usuários, 24 milhões dos quais no pré-pago, haveria intenção de fazer um fatiamento entre todos os players locais (Claro, TIM e Vivo) em função de questões concorrenciais. “Teria de haver uma divisão dessa base entre as empresas, teria de haver um consórcio entre os players ou através da aplicação de remédios que a distribua entre todos”, ressaltou Vilá.

Para o COO da Telefónica, é difícil fazer a venda da Oi Móvel andar mais depressa. “A Oi está em recuperação judicial, então precisam ser cautelosos. E estão indo muito bem, passo a passo. Achamos que a consolidação pode ser benéfica para todos, mas o processo anda mais lentamente do que esperávamos. Seguimos interessados”, concluiu.

Fim do cobre

Vilá falou muito sobre outras iniciativas do grupo espanhol mundo afora, como da eliminação de energia à base de carbono até 2030 (no Brasil o consumo energético já é todo oriundo de fontes sustentáveis), do reforço da Telxius, braço de infraestrutura que passou a integrar a divisão Telefônica Infra, e do esforço para acabar de vez com as tecnologias legadas nas redes do grupo.

Na Espanha, disse, “pretendemos desligar todos os acessos em cobre até 2025”. Movimento semelhante chegará ao Brasil. “No devido tempo, veremos otimização parecida da nossa rede no Brasil, onde estamos ampliando a rede de fibra, o que permitirá desligar o cobre, especialmente no estado de São Paulo”, afirmou.

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Rafael Bucco

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