Venda da IHS mexe no mercado de torres e de fibra
A IHS Towers está à venda. A notícia foi dada ontem, 8, pelo site Pipeline a confirmada com fontes do mercado pelo Tele.Síntese. A razão seria a deterioração do valor da companhia na bolsa dos Estados Unidos, motivada pela forte desvalorização da moeda nigeriana, em que estão firmados os maiores contratos da companhia. Não está claro, porém, se a venda seria integral ou significaria a entrada de um sócio relevante.
Para o mercado brasileiro, o negócio tem potencial de influenciar a dinâmica do mercado de torres e do mercado de rede de acesso de fibra óptica. A empresa é sócia da TIM na joint venture I-Systems, um spin off da rede óptica que a operadora construiu para oferecer sua banda larga fixa.
A venda da participação direta na I-Systems a terceiros, no entanto, é pouco provável, pois o contrato com a TIM tem gatilhos e garantias que protegem a tele e o ativo. Entre os mecanismos, não seria possível vender sem antes dar preferência de recompra pela sócia, dona de 49%. Ou vender pedaços sem seu aval.
Desempenho no Brasil
A IHS Holding é listada na Nasdaq, nos Estados Unidos, e perdeu 61,4% do valor desde julho de 2023, quando disputa entre o fundo acionista Blackwells e o CEO fundador, Sam Darwish, veio à tona em função de pedidos de retirada do executivo do comando do grupo.
A torreira abriu o capital nos EUA em outubro de 2021. À época, o papel chegou a ser comercializado a US$ 17. Hoje, é vendido a US$ 3,56, o que representa valor de mercado de US$ 1,8 bilhão (R$ 9 bilhões).
No Brasil, a companhia chegou em 2020, por meio da aquisição da Cell Site Solutions. Em 2021, comprou a Skysite, especialista em small cells, e a Centennial Towers. Em 2022, arrematou a operação local da Torresur.
Um fonte diz que a IHS demitiu diretores nos últimos meses, a fim de tornar a operação mais enxuta e encontrar uma equação que integrasse as operações das torres e a fatia na I-Systems.
Na divulgação dos resultados de 2023, o CEO Sam Darwish afirmou que a empresa ia bem no Brasil. Terminou o ano com 7,66 mil torres, após construção de 812. Isso faz do país o segundo principal mercado, atrás apenas da Nigéria, onde tem 16,39 mil. Na América Latina, a empresa tinha 61 torres no Peru, das quais já se desfez, e mantém ainda 228 na Colômbia. Para 2024, a previsão era fazer mais 600 sites por aqui.
Darwish afirmou que detinha 12% de participação no mercado de torres do Brasil, o que a colocaria em quarto lugar neste segmento. Pelos cálculos do Tele.Síntese, no entanto, viria em quinto, atrás de American Tower, Torres do Brasil, Highline e SBA.
No mundo, Darwish disse na conferência com analistas de mercado em março, que a IHS terminou 2023 com 40 mil torres, praticamente empatada com GD Towers e SBA, mas atrás de American Tower (222 mil) e Cellnex (127 mil). O endividamento era de US$ 4,11 bilhões, ou seja, alavancagem de 3,4x.