Velocidade média do 4G no Brasil supera a do WiFi, aponta estudo

Segundo consultoria Opensignal, rede LTE brasileira é 4,5 Mbps mais veloz, em média que a média de velocidade dos acessos WiFi no país.

A consultoria Opensignal lançou um estudo comparando o desempenho de redes móveis com o acesso WiFi (que embora dispense fios, depende de uma conexão fixa). E concluiu que já pipocam mundo afora países em que o celular é mais rápido que o WiFi. No Brasil, a média de velocidade de todas as redes móveis (2G, 3G e 4G)  ainda mostra acessos mais lentos que o WiFi. No entanto, comparando-se apenas o 4G com o WiFi, tem-se velocidades 4,5 Mbps mais altas, em média.

Os motivos para a maior velocidade são variados. Em primeiro lugar, existem muito mais acessos móveis do que fixos no país. O custo de implantar um acesso móvel é menor que o de um acesso fixo, uma vez que cada célula cobre centenas de usuários simultaneamente. No WiFi, seria preciso levar fibra a cada novo cliente para ter uma velocidade média superior. O FTTH esbarra não apenas no custo por usuário, como no planejamento (como exigência de licenças para uso de postes, necessidade de mais técnicos de instalação, ou mesmo autorizações para passagem por vias). Na rede celular, essas exigência se concentram até a torre, que cobrem áreas maiores. Por fim, o WiFi usa espectro não licenciado, mais sujeito a interferências.

A Opensignal afirma, ainda, que os fabricantes de smartphones têm preferido focar o desenvolvimento dos modems para redes móveis, em detrimento dos modems WiFi. O resultado são smartphones capazes de se conectar com maior velocidade nas redes celulares do que nas fixas. Prova disso seria o portfólio reduzido de modelos que são compatíveis com frequências de WiFi em 5 GHz.

O relatório, disponível aqui (em inglês), é um bom indicativo do impacto que a 5G terá no mercado fixo. Com a nova tecnologia móvel, as operadoras poderão preferir levar a fibra para as torres e conectar a casa das pessoas com acessos 5G ultrarrápidos. Modelo, aliás, praticado pela Verizon nos EUA.

A quinta geração também terá potencial, avalia a consultoria, para modificar o hábito arraigado que temos de perguntar a senha para usar o WiFi em um ambiente fechado. Ao contrário, a tendência será enxergar a necessidade de mudar da rede móvel para o WiFi como uma falha da operadora. Esta será vista como incapaz de oferecer um serviço estável e veloz o suficiente. Tal situação deve ser mais comum, no entanto, entre os donos de smartphones legados. A Opensignal lembra que fabricantes já trabalham com modelos capazes de se conectar, simultaneamente, em redes celulares e WiFi, incrementando a velocidade do acesso. Exemplo são os Galaxy S8 e S9, que trazem o chamado “Download Booster”.

Outras descobertas

Por fim, o levantamento da Opensignal mostra que há no planeta 33 países onde os clientes navegam com maior velocidade usando a rede móvel, inclusive com a média de velocidade considerando os acessos 3G. O país onde essa diferença é maior é a Autrália, onde o acesso móvel é em média 13 Mbps mais veloz. Surpreendemente, em Hong Kong, em Singapura e nos EUA, o WiFi é muito mais rápido que a média dos acessos móveis de qualquer tipo.

O estudo descobriu também que não existe correlação clara entre velocidade e tempo no acesso. Ou seja, mesmo que o WiFi ofereça um acesso mais rápido e estável em um local, não significa que o cliente vai passar mais tempo navegando utilizando este tipo de conexão. A Opensignal identificou, no entanto, que quanto maior o PIB de um país, maior a tendência de seus habitantes usarem mais o WiFi, ainda que a rede LTE seja mais rápida. O motivo seria a disponibilidade maior de infraestrutura fixa nos países mais ricos.

A consultoria coletou dados de 63,2 bilhões de interações móveis, entre 5 de agosto e 3 novembro. As informações vieram de 7,7 milhões de aparelho que usam aplicativos Opensignal. A partir desse conjunto de informações, elaborou as estatísticas.

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Rafael Bucco

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