Trópico cria software capaz de virtualizar funções de rede em servidores comerciais

Trópico desenvolve a plataforma Vectura Virtual Edge (VVE), de tecnologia de ponta, e nacional, para os mercados de operadoras e provedores regionais de acesso à internet.

O Tele.Síntese está publicando semanalmente duas reportagens sobre as tendências e inovações em telecomunicações. O conteúdo completo está no Anuário Tele.Síntese de Inovação 2017, que além de apontar os rumos do setor, elegeu os serviços mais inovadores do último ano. Conheça aqui mais da tecnologia da Trópico que permite executar em servidores comerciais software de virtualização de funções de rede normalmente rodados em hardware de propósito específico.

A virtualização como nova estratégia

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Por Roberta Prescott

Com presença no mercado de telecom há três décadas, a Trópico Sistemas e Telecomunicações enxergou uma oportunidade de negócios na virtualização de elementos de rede, indo além da virtualização das centrais telefônicas, processo que executou há 15 anos. A empresa desenvolveu a plataforma Vectura Virtual Edge (VVE), baseada nas redes definidas por software (SDN, do inglês software defined networking). “Usamos a competência e a expertise que adquirimos e ampliamos o portfólio para além das centrais telefônicas, entrando na virtualização de firewalls, por exemplo”, explica o presidente da empresa, Paulo Cabestré.

A Trópico usou SDN dentro do servidor e combinou com outras tecnologias de virtualização. Assim, o software executa em hardware de servidores comerciais as funções de rede que normalmente são executadas em hardware de propósito específico, os appliances.

“Fizemos planos de negócios para saber como essa tendência poderia virar produto para o mercado. Analisamos todas as possibilidades de negócios e identificamos a oportunidade da virtualização de equipamentos para acesso à internet fixa dos usuários, os CPEs, como primeiro produto dentro do conceito NFV (virtualização das funções de rede)”, completa Armando Barbieri, gerente de marketing de Produto da Trópico. De acordo com ele, as operadoras devem ser as primeiras a adotar o lançamento.

As redes de telecomunicações estão em um movimento para ter todas as aplicações sobre IP, inclusive as funções de rede, que passam a ser coordenadas por software. A VVE cria um ambiente especial para que as funções de rede rodem em um data center, ou seja, de forma virtualizada. Esse ambiente é definido por padrões internacionais, de maneira que as funções de rede sejam executadas na nuvem com bom desempenho e economia de recursos.

Cabestré conta que a primeira plataforma básica para criar um portfólio de produtos usando arquitetura SDN foi iniciada no CPqD (acionista majoritário da Trópico) há cinco anos. Dois anos atrás, a Trópico começou a aprofundar o plano de negó- cios, tendo, em 2016, a primeira versão do produto. Entre 2016 e este ano, foram feitos os testes e a homologação junto a uma operadora, cujo nome a Trópico não revela. Outros testes estão sendo conduzidos em uma operadora argentina e em provedores regionais brasileiros.

A equipe envolvida no projeto, de 30 a 40 pessoas, é 100% de brasileiros. Ainda não houve comercialização do produto. As primeiras vendas são esperadas para 2018: “O mercado ainda é incipiente para soluções desse tipo”, diz Cabestré. Barbieri lembra que, atualmente, não existe no mundo uma grande implantação de NFV: “A tecnologia está começando e a Trópico está acompanhando grandes players”. Outra possibilidade é a exportação. “A VVE atua no IP, então, conseguimos usar em qualquer lugar do planeta. Tem alcance internacional”, diz Barbieri.

Embora a VVE suporte qualquer função de rede, o maior apelo no momento é a virtualização das funções dos CPEs — equipamentos ou acessórios que se interligam com a rede de acesso e com o computador do usuário final. Como são milhões de unidades instaladas nas residências, com diversos modelos, de vários fabricantes, e muitas versões de software, a introdução de novos serviços ou a solução de problemas, com os serviços que existem hoje, fica dificultada, ocasionando uma cara e demorada visita física ao cliente. A virtualização otimiza esse procedimento.

Para a Trópico, 2017 está sendo um ano de controlar custos e fazer reflexões sobre a empresa. “Vamos ficar satisfeitos em atingir as metas. Estamos nos preparando para 2018 e 2019”, aponta Cabestré, que acredita que a empresa deve crescer “o mínimo” este ano. A aposta na virtualização reflete uma tendência de mercado que veio para ficar, segundo os executivos.

“Antes, para você ter um roteador de alta capacidade precisava de um appliance. Agora, o aumento do desempenho dos servidores está permitindo que, em vez de comprar roteador e appliance, seja possível carregar um software de servidor comercial que ganha funções de roteador, firewall, NAT, entre outras. Com isso, o custo operacional fica mais baixo para os clientes e cai a dependência do hardware especializado”, detalha Barbieri.

A plataforma permite a entrada da Trópico no aquecido mercado de produtos para redes de dados IP de banda larga, tais como roteadores, firewalls e outras funções de rede, uma vez que novas funções podem ser adicionadas conforme são desenvolvidas. A empresa também aposta na abertura de espaço para estabelecer parcerias com outros fornecedores que venham a desenvolver, no futuro, novas funções de rede seguindo a padronização mundial.

No momento, a Trópico está estabelecendo canais de comercialização no mercado de provedores regionais, além de tatear oportunidades comerciais na América Latina. Do ponto de vista de produto, a empresa segue em frente com o desenvolvimento de novas funções de rede que permitirão a venda direta da plataforma para clientes corporativos, para substituição de elementos de sua rede local, de elevado custo operacional.

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