TIM mira atuação nacional na fibra com expansão gradativa pelo País

Tiago Chaves, head de Marketing e Soluções Residenciais da TIM Brasil, afirma que operadora tem a ambição de se posicionar nacionalmente na banda larga, se valendo de redes neutras e sinergia com móvel
TIM mira atuação nacional no mercado de banda larga via fibra, diz head de Marketing
Tiago Chaves, head de Marketing e Soluções Residenciais da TIM; expansão na fibra busca capilaridade nacional (crédito: TIM Brasil)

Ainda bastante vista como uma operadora de telefonia móvel, a TIM também almeja se estabelecer como um concorrente de peso na banda larga fixa. Atualmente, com pouco mais de 803,7 mil acessos fixos, dos quais 93% operam com fibra óptica, a empresa ocupa a nona posição nesse mercado – mas quer ir mais longe.

Em entrevista ao Tele.Síntese, o head de Marketing e Soluções Residenciais da TIM Brasil, Tiago Chaves, destaca que, na fibra, a pretensão da tele é atuar como um provedor de capilaridade nacional. “A nossa fortaleza hoje está no móvel, mas isso só mostra o potencial de como podemos expandir a base na fibra. Portanto, a nossa ambição, de fato, é crescer de forma gradativa e estruturada”, afirma.

Neste ano, em número de cidades com disponibilidade do serviço, a TIM dobrou a sua presença pelo País. Com apoio das redes neutras da I-Systems e da V.tal, a operação de banda larga fixa chega a 184 cidades e 28 regiões administrativas do Distrito Federal.

Segundo Chaves, no que diz respeito à expansão do serviço, a empresa tem “grandes ambições para o ano próximo”. Para se destacar no mercado, a aposta é na combinação de WiFi 6, confiabilidade da rede e novo portfólio de ofertas, com agregação de streamings e serviços digitais. Além, é claro, do combo com o plano de celular.

“O nosso desafio é entender a especificidade de cada uma das regiões, mantendo o nosso padrão nacional”, diz Chaves. “O foco é ter, de fato, uma capilaridade em perímetro nacional, ou seja, onde enxergamos potencial de mercado”, acrescenta.

Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Tele.Síntese: Como a TIM enxerga, de fato, o mercado de banda larga fixa? É uma operação secundária? Qual é o posicionamento?

Tiago Chaves, head de Marketing e Soluções Residenciais da TIM Brasil: A TIM é uma empresa de âmbito nacional e temos grandes ambições na fibra. A nossa fortaleza hoje está no móvel, mas isso só mostra o potencial de como podemos expandir a base na fibra. Portanto, a nossa ambição, de fato, é crescer de forma gradativa e estruturada. O mercado de fibra tem muitos competidores, mas temos uma proposta de valor muito consciente e firme para crescer de forma gradativa e sólida.

Tele.Síntese: Nos últimos meses, a TIM vem mantendo uma base de pouco mais de 800 mil acessos. Há um crescimento marginal, mas sem grande ascensão. Como está a dispersão da banda larga fixa da TIM?

Chaves: Naturalmente, somos mais fortes em algumas áreas, por uma consequência de estarmos indo ao mercado de forma gradativa. Mas o nosso parâmetro é uma abrangência nacional e estamos fazendo isso de forma consistente. Quando fazemos uma leitura ampla do mercado de banda larga, mas com um zoom na fibra, a TIM cresce. No segundo trimestre, a TIM cresceu algo próximo a 15% no ano contra ano em fibra. Isso não quer dizer que estamos deixando de lado a nossa base de outras tecnologias, mas reforça o nosso compromisso de que estamos investindo para melhorar a experiência do cliente, fazendo uma transição tranquila dessa base para crescer na fibra.

Tele.Síntese: O objetivo da TIM, então, na banda larga fixa é ser um player nacional?

Chaves: Considerando que só neste ano dobramos a quantidade de municípios em que estamos presentes, já posso dizer que já estamos nos fazendo presentes de forma nacional. É óbvio, a profundidade depende dessa evolução gradativa e sólida de base.

Tele.Síntese: Por que a opção pelo uso de rede neutra?

Chaves: Temos mais de um parceiro [I-Systems e V.tal]. Para uma questão estratégica, nos dá velocidade de implementação. Não que queiramos fazer de uma forma acelerada e descontrolada, mas nos dá uma capacidade para expandir a rede com parceiros sólidos de infraestrutura. Hoje, operamos 100% com rede neutra.

Tele.Síntese: Hoje em dia, sabemos que só ter a rede e a disponibilidade de oferta não garante ser escolhido pelo cliente, até porque a concorrência é bastante acirrada. Quais são as estratégias para a TIM se posicionar como um grande competidor, levando em conta que há outras marcas há mais tempo nesse segmento?

Chaves: Temos uma proposta de entregar o que vendemos. Então, vendemos uma experiência, seja através do desenvolvimento do plano, seja através da homologação do modem que vamos usar e entregar na casa do cliente. Então, o nosso diferencial está aí: entregar uma experiência, de fato, de uso que o cliente perceba no dia a dia dele.

Tele.Síntese: A TIM já tem planos de 1 Giga e 2 Gigas. Como está a demanda por planos robustos como esses?

Chaves: Na prática, nos preocupamos com toda a base. Ou seja, todos os nossos planos entregam uma qualidade muito boa. Quando partimos de um plano de 500 Mega, ele já é extremamente eficaz para o dia a dia. Agora, sabemos que há nichos importantes de clientes que são usuários mais exigentes e necessitam eventualmente de uma velocidade maior por ter mais aparelhos conectados na casa. Então, a gente atende também esse público – e diria que foi uma aposta bem feita de criar esses planos com mais velocidades e entregar um produto compatível com essas demandas.

Tele.Síntese: Vocês já estão trabalhando com WiFi 6?

Chaves: Sim, toda a nossa comercialização já sai com WiFi 6 para a nossa base, mesmo nos planos mais básicos.

Tele.Síntese: O que mais vocês estão empacotando nessa oferta para o cliente de banda larga fixa migrar para a TIM?

Chaves: No segundo semestre, viramos a nossa abordagem e portfólio de serviços. Por que fizemos isso? Para simplificar e entregar a melhor experiência para o cliente. Então, ele pode escolher um plano que é só velocidade, um plano que tem um serviço de streaming ou, assim nessa escadinha, de acordo com a sua necessidade. Assim, simplificamos a abordagem, é mais clara para o cliente.

Tele.Síntese: A TIM também está investindo na composição de oferta com rede mesh?

Chaves: A gente parte da premissa de que temos um aparelho compatível com a melhor experiência. O ideal é que o cliente não precise conectar outros devices para ter uma boa experiência. Agora, em algumas circunstâncias, o cliente precisa de um extensor e, assim, pensamos em evoluir nessa estratégia com Easymesh e outros devices.

Tele.Síntese: Vocês estão mirando combinar fixo e móvel e trazer quem já tem o móvel da TIM para o fixo? Como está a sinergia entre as duas operações?

Chaves: Já temos uma fortaleza construída no móvel. Isso só nos dá mais segurança para expandir com a nossa fibra, porque a marca é TIM. Já entregamos a qualidade TIM no móvel e queremos explorar cada vez mais essa fortaleza. E é fundamental que o cliente já tenha essa experiência completa.

Tele.Síntese: Voltando a falar sobre expansão, quais são as metas de cidades e clientes na banda larga?

Chaves: Temos as nossas ambições, mas, primeiro, é trabalhar esse cenário nacional de forma muito bem feita. Posso dizer que isso é uma grande ambição nossa. E, naturalmente, colher os frutos em resultado. O potencial do mercado é gigantesco e, considerando a nossa base móvel, é ainda maior. Eu diria que temos grandes ambições para o ano próximo.

Tele.Síntese: O mercado também é cheio de pequenos provedores estabelecidos em cidades ou conjunto de cidades com redes de fibra. A TIM também vê possibilidade de crescimento via aquisições na banda larga?

Chaves: Essa é uma seara um pouco diferente da minha, mas, olhando para o mercado, a quantidade de players e o histórico de tudo o que aconteceu, certamente sempre há uma possibilidade.

Tele.Síntese: E a estratégia para o B2B? O mercado de banda larga tem investido mais nesse segmento.

Chaves: Também percebemos isso. Temos, em outra vertical, uma estrutura para atender grandes empresas. Mas, para pequenas empresas, vemos um nicho importante que temos trabalhado, principalmente, com um canal especializado, estruturando uma abordagem muito específica para essa demanda de mercado.

Tele.Síntese: A competição na banda larga é muito latente no Brasil. Há provedores que já tem mais de 1 milhão de assinantes – alguns até estão entrando nas capitais agora. Quais são os desafios para crescer?

Chaves: Quando começamos a entender as especificidades de cada região, aí está o nosso desafio. Como são muitos players em regiões distintas, com características distintas, a nossa abordagem também se adequa a cada um desses mercados. Então, o nosso desafio é entender a especificidade de cada uma das regiões, mantendo o nosso padrão nacional. Isso passa pelo nosso entendimento de cada mercado local para definir a nossa atuação.

Tele.Síntese: Hoje, os clientes de banda larga fixa da TIM estão mais localizados em quais regiões? Capitais?

Chaves: Atualmente, a maior concentração é nas grandes capitais. Isso passou pelo nosso plano de expansão. Hoje, a nossa capilaridade está muito mais ampla, mas, antes, seguimos um trilho definido lá atrás, de começar nas grandes capitais e depois desenvolver uma amplitude maior.

Tele.Síntese: No plano de expansão atual, qual é o foco?

Chaves: O foco é ter, de fato, uma capilaridade em perímetro nacional, ou seja, onde enxergamos potencial de mercado. Não passa necessariamente por ser interior ou capital – é muito mais pelo potencial de mercado e nossa capacidade de atuação.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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