TIM demonstra 5G com tecnologia Huawei em Florianópolis

Segundo Marco Di Costanzo, da TIM, operadora acompanha briga comercial entre EUA e China e não vê restrição ao uso de equipamentos da fabricante

A operadora TIM demonstrou hoje, 26, sua primeira rede móvel de quinta geração no Brasil. A rede ainda é um protótipo e foi construída no campus da UFSC, em parceria com a Fundação CERTI e a fornecedora Huawei.

Na demonstração para jornalistas, o celular Huawei Mate X alcançou velocidade de download de 1033 Mbps (pouco mais de 1 Gbps). O aparelho se conectou a uma célula 5G que está inserida na infraestrutura de rede comercial da TIM. A velocidade de upload bateu em 70 Mbps. Mas, segundo os executivos da empresa, a intenção é de que comercialmente o upload chegue a 300 Mbps nos planos mais sofisticados.

O teste acontece sob licença da Anatel para uso limitado de uma banda de 100 MHz do espectro de 3,5 GHz para fins de pesquisa. Mais, portanto, do que a previsão de espectro que será leiloada pela Anatel em 2020.

A Fundação CERTI ficou encarregada de estudar aplicações para a 5G. Na ocasião, foi demonstrada a solução de MBB (banda larga móvel no celular), chamada holográfica, transmissão de conteúdo de realidade virtual, e conexão FWA (banda larga fixa).

Quando

A previsão da TIM é de que a 5G seja utilizada em pelo menos quatro frentes comerciais: internet das coisas massiva, internet das coisas industrial, MBB e FWA.

Nesta última, as conexões comercializadas deverão se equiparar aos planos atuais de banda larga (FTTH), de 100 a 300 Mbps. Nos devices, a velocidade do acesso deverá ser menor e vai depender do volume de pessoas conectas em cada célula. De qualquer modo, a empresa espera que as velocidades fiquem, na média, 10x mais rápidas.

O modelo comercial ainda não está fechado, no entanto. Conforme Marco Di Costanzo, diretor de engenharia da TIM, a operadora aguarda a Anatel colocar em consulta pública as possíveis regras do leilão de 3,5 GHz que acontecerá em 2020. “Vamos então opinar. Esperamos que o leilão aconteça no primeiro trimestre”, lembra.

Realizado o leilão, a TIM calcula que as operadoras levem um ano promovendo a limpeza da faixa de 3,5 GHz, que é usada também por satélites (banda C). “Nossos testes indicam que é possível realizar a limpeza, que usando um filtro de baixo custo o convívio é possível”, completa.

A seu ver, o 5G será lançado comercialmente no Brasil em 2021, respeitado o cronograma de venda do espectro de 3,5 GHz. As primeiras redes devem se situar em grandes centros urbanos.

Questão Huawei

Segundo Costanzo, a tele pretende realizar ainda testes em parceria com a Ericsson e o Inatel na cidade mineira de Santa Rita do Sapucaí e com a Nokia e a Universidade Federal de Campina Grande em Campina Grande (PB).

Com isso, a operadora trabalha com os principais fornecedores e tem alternativas caso a Huawei seja alvo de bloqueio no Brasil, assim como se deu nos Estados Unidos.

Na última semana, o chanceler brasileiro Ernesto Araújo afirmou à revista Veja que o governo estuda quais “problemas diante de uma perspectiva técnica” podem ser identificados nos produtos da chinesa. Segundo ele o governo está ciente das “preocupações americanas” e trabalha para entendê-las.

Costanzo, da TIM, não vê problemas para a implementação de rede da operadora (que usa muita tecnologia da Huawei, do núcleo de rede às antenas). “Estamos acompanhando com cuidado questão da Huawei. Por enquanto não temos nenhuma restrição. A Huawei é nossa parceira em 2G, 3G, 4G na Itália e no Brasil”, afirma o executivo.

*O jornalista viajou a convite da TIM

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Rafael Bucco

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