Teles preparam lançamento de novas APIs do Open Gateway

Operadoras planejam aplicações inéditas ainda para este ano, ao passo que GSMA tenta se aproximar de integradores para massificar o serviço; Anatel descarta regulação a curto prazo
Operadoras planejam lançar novas APIs do Open Gateway ainda em 2024
Novas APIs do Open Gateway devem chegar ao mercado ainda em 2024 (crédito: TeleSíntese)

As operadoras brasileiras planejam lançar novas APIs do Open Gateway, iniciativa que visa a padronizar a interconexão das redes de telecom com serviços de terceiros, ainda este ano. Além disso, outras soluções estão em fase de desenvolvimento e devem chegar ao mercado em 2025.

A Vivo, por exemplo, vai lançar três APIs até o fim de 2024, incluindo aplicações que auxiliam na validação do local do usuário e de score do assinante do serviço de telecomunicações. Em 2025, a ideia é acelerar o processo comercial, com a possibilidade de disponibilizar no mercado mais sete.

“O Open Gateway é um projeto altamente estratégico na Vivo”, afirmou Leonardo Silva, head de Big Data e IA da operadora, em painel no Futurecom 2024, nesta terça-feira, 8. “A gente vem testando com redes sociais, e-commerce, varejo, indústria. Temos tido feedbacks positivos, tanto em valor da API como em experiência da jornada do cliente. Isso tem permitido que as empresas e, sobretudo, as áreas técnicas possam usar modelos com boas práticas”, acrescentou.

Até o momento, as operadoras nacionais lançaram três APIs com foco em redução de fraudes. Ageu Dantas, head de América Latina da Claro, indicou que “mais APIs antifraude vão surgir”, em razão do alto percentual de transações financeiras realizadas em dispositivos móveis.

Além disso, apontou que, a médio prazo, as aplicações devem usar a rede 5G de forma modular, de modo a definir prioridades de uso da conectividade. De acordo com Dantas, serviços que demandam muita banda serão habilitados via Open Gateway.

“IA, carro autônimo, vídeo em 8K. No futuro, só poderão ser habilidades pelo Open Gateway, porque a rede pública não dá conta. Isso só será possível de ser feito de forma modular. Acredito que no futuro teremos centenas de APIs de fácil acesso, com os integradores ajudando na distribuição”, assinalou o representante da Claro.

Cenário atual

Na atualidade, 60 grupos de telecomunicações, responsáveis por 267 redes móveis espalhadas pelo mundo, participam do Open Gateway, iniciativa lançada em fevereiro de 2023 pela associação global de operadoras GSMA. Desse modo, 65% dos usuários de telefonia móvel estão cobertos por ao menos uma API, estima a entidade.

No painel, Alejandro Adamowicz, diretor de Tecnologia e Engajamento da GSMA, relatou que, atualmente, 36 APIs estão em processo de avaliação e 40, em desenvolvimento. Além disso, a entidade tem mantido conversas com cerca de 20 empresas integradoras – incluindo AWS, Nokia, Google e Microsoft – para participar do projeto, tanto na parte de desenvolvimento quanto na comercialização dos serviços B2B.

“O Brasil foi o segundo país a lançar a iniciativa. Agora, na América Latina, já temos alinhamento de mercado no México, Colômbia, Equador, Chile, Peru e Argentina. Até o fim deste ano, dois desses mercados lançarão os serviços, tomando a experiência do Brasil como exemplo”, destacou.

Augusto Nellessen, superintendente de Telecom do Itaú, uma das primeiras empresas a abraçar o Open Gateway, revelou que o banco está “testando mais três APIs”, citando que “nem todas as operadoras estão no mesmo pace [ritmo]”. Nesse contexto, mencionou que uma aplicação que interessa ao banco é de priorização de tráfego de dados, conforme a necessidade de operação do usuário.

Regulação

Sobre uma eventual regulação do mercado de APIs, Arthur Coimbra, conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), descartou qualquer procedimento no momento. Caso necessário, indicou que o processo deve buscar a mínima intervenção.

“Com o Open Gateway, vamos ver muitas soluções e muitos benefícios. Com o tempo, é possível que surja a necessidade de intervenção regulatória, mas não é o caso agora”, frisou.

O presidente-executivo da Conexis, Marcos Ferrari, por sua vez, defendeu que, “se a regulação vier a existir, que seja o mínimo possível para não inibir a inovação”. O dirigente ainda contou que a entidade que representa as operadoras nacionais assinou um acordo de cooperação com a GSMA para acelerar o desenvolvimento de aplicações do Open Gateway no País.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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